Falando em Anjo da Guarda, ele anda bem longe de mim. Culpa minha que não soube obedecê-lo, diria Angelo.
O meu sono agora tem vindo sem avisar. Na verdade, muitas vezes nem o vejo. A minha mente passa por tantos lugares que eu imaginava não ser capaz, e a dor vai diminuindo ou aumentando conforme o tempo que eu passei sem voltar. Existe aquele morro difícil de subir quando se é criança e provavelmente algumas crianças, diferentemente do resto do mundo, estão nesse exato momento olhando o céu pouco estrelado e sentindo em pleno a beleza do mundo. Alguém, como a Talita, pode dizer que sabe do que eu digo. São um monte de pontinhos luminosos no céu pouco estrelado, pontinhos de sonhos e esperanças. Naquela noite nós nos deitamos sobre o morrão de descer de roller e o chão estava quente. A cor do meu uniforme já não era mais decifrável, mas a verdade é que não há nenhuma importância nisso, quando estamos de olhos e coraçãoes bem abertos e as bocas fechadas, pensando como será daqui treze anos. E se existem as dúvidas, é melhor não respondê-las. Ninguém me contou o que aconteceria, mas eu agradeço, afinal nada é pra sempre.