AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

A


Algumas pessoas vivem para estudar. Alguns vivem para o dinheiro. Comprar uma casa, um carro do ano. Alguns vivem para conhecer o mundo e tudo o que ele pode eferece. Paisagens, calor e frio. Rios, mares, línguas, castelos, hotéis. Eu quero viver apenas para te saber. Dia após dia esperar e sentir se é o momento certo para dizer. Se eu devo esperar um ano ou dois. Ou dez.

Ali



Se eu não posso ter
Eu fico imaginando.

Câmera lenta


Que saudade do teu riso.
Que não consegue sustentar o meu olhar e se desvia entre todas as outras caras e volta na mesma conversa de sempre.
Eu posso achar que não está valendo a pena, que o papo é sem graça, que ninguém tá muito afim. Mas teu riso me faz reclinar. Sempre. Você ri e eu te olho. E você me olha. E uma respiração rápida corta a graça. E não entendo como ninguém percebe como o mundo começa a girar em câmera lenta.
Que saudade do teu riso.

9%


Quando eu pensei que essa dor (física) pudesse ser algo grave eu imaginei como seria o momento perfeito. Hoje tomei sorvete de chocolate. Um dia depois de escutar a opinião do médico eu decidi te contar a verdade no banquinho do shopping. Eu estou doente. Vou ficar fora por um tempo.
Então eu lembrei dos pensamentos dos últimos dias e misturei com os de hoje. Bebi demais. "Se você pudesse pedir qualquer coisa no mundo, o que pediria?". Um beijo.
"Não posso me aproveitar do momento." Bem, eu acho que é justamente o que você faria. Você não quer se aproveitar ou não quer um beijo?

Mas voltando ao banco do shopping. Vou ficar fora por um tempo. E sei que é por isso que eu estou aqui aproveitando o momento. Tem coisas que a gente só diz em momento de despedida ou quando já é tarde demais pra dizer ou fazer alguma coisa, e agora ainda não é uma despedida e nem tarde demais. E te dou um beijo. Essa lágrima não é de tristeza, nem de medo. É uma felicidade genuína pela oportunidade que surge na tragédia.

E vou continar sonhando, mas talvez acordada, porque não consigo dormir.