AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

Seicho


Minhas obras não sou eu quem às realizo, mas Deus pai, que permeia os céus e a terra.
Não, to zuando, eu mesma que fiz. Prometi coisas que não vou cumprir, como tentar ter autocontrole.

Charles Bukowski


Sim, eu odiava ter que me levantar da cama de manhã. Significava que a vida ia recomeçar e depois de se passar a noite inteira a dormir cria-se uma espécie de intimidade especial que fica muito mais difícil de largar. Sempre fui solitário. Desculpe-me, creio que não regulo bem da cabeça, mas a verdade é que, se não fosse por uma ou outra fodidela, não me faria a mínima diferença se todas as pessoas do mundo morressem. Eu sei que não é uma atitude simpática. Mas ficaria todo refestelado aqui dentro do meu caracol. Afinal de contas, foram as pessoas que me tornaram infeliz.

Blá, blá, blá, blá.


Ah, porque esse sentimento chega assim tão de repente? Eu que já não consigo dormir agora sinto e sorrio e espero. Espero uma resposta o tempo todo. E evito uma resposta. Por quanto tempo eu consigo evitar? Apenas me invade assim de repente e eu não posso respirar. Não dá para controlar, não dá, não dá pra planejar.
Eu ia terminar os meus cinquenta tons, mas eles são meus e eu tenho o direito de terminar quando eu quiser. Já faz muito tempo que eu disse que eu não quero nada além disso? Porque eu quero. Quero ir até aí nesse outro mundo paralelo que eu não conheço e provar. Provar que tudo é uma grande surpresa.

Plano B


(Baseado em fatos reais - saca?)
Parece que eu já vi essa história antes. Já tive um amigo uma vez com o qual eu guardava todas as peraltices e loucuras num Baú. E é melhor eu não terminar frases assim, porque ele não é de Criciúma, mas aprendeu a rimar. Ele é de Umuarama, ou de Beltrão. Nunca entendi essa história direito. A verdade é que eu tenho mais facilidade em entender quando ele tá Bêbado. São ele me manda e-mail sobre a filosofia da vida, normalmente em um horário que eu não estou apta a pensar. Ele de maneira nenhuma respeita horários, se eu peço gentilmente pra que ele apareça somente entre às 12h e meia noite ele faz justamente o contrário, só pra mostrar que ele não obedece às leis. E não obedece mesmo. Onde já se viu me pedir ajuda pra conquistar a minha irmã? Ele é mesmo um Babaca.
Então não se preocupem, eu sei disso. Ele fuma e usa Bigode. Ninguém pode confiar em um cara de bigode. Lembram-se da Natalia Klein? Essa é máscara que ele usa, o cara de bigode. Quando na verdade ele está muito mais para Moriarty, controlador, seguro e achando tudo muito (muito mesmo) engraçado. Matando mocinhas e salvando vilões. Felizmente ele tem um inimigo. O tempo.
E não é que eu conheça bem. Eu conheço apenas as suas máscaras mantidas pela tela do celular/computador, mas ainda assim ele é um bom amigo. Ele gosta do meu noivo, da minha irmã, da minha mãe e do meu pai (Mesmo que com manteiga/natal. Deixa pra lá.). Ele gosta da Pitty também, do Juan não. E pelo menos agora ele sai pra fumar longe de mim.
Mas ele é Baixo. De tamanho também. Ele me convida pra sair, no convite tem a palavra “galera” e ele termina com “você conhece todo mundo”. Num Boteco. Lá está ele, o Barrichello e o dono do Bar. Um velho mal-humorado. A gente pergunta se aquilo é uma paçoca e o velho responde: pagando, é o que você quiser. Talvez dessa vez fosse porque ele estava bêbado, mas ele olha pra mim e começa a rir. Não sei se ele se lembra da família que morreu tragicamente, ou do canibal que naufragou com um avião. O fato é que é sempre constrangedor ter que explicar que não temos motivo nenhum.
A primeira lembrança que eu tenho dele é do meu noivo achando ele bonito (wtf?). Ele é feio, chato, usa Barba e fuma. Eu nunca vou nem chegar perto. Éca. Depois tem um vazio até... Até quando? Eu não sei. Não me lembro de algo ter mudado. Não mudou. Tudo continua exatamente igual, ele sendo um babaca, bêbado, barba e bigode, bituca, baixo e Bruno Branco.

Gelo


Eu também sei brincar.

Preciso mesmo de você.


Podemos nos causar frisson falando de coisa séria ou então de pokemon. O que importa é que contigo e só contigo o que é ruim se torna bom.

21º


Ando tão sem criatividade. Eu pensei em escrever sobre o frio, então intitulei o post antes mesmo de abrir o blog: Frio. Mas quando abri, vi que o último post tinha exatamente esse nome. Eu pensei sobre o que escrever e ironicamente, segundo o meu celular, está fazendo 21º nesse momento, o que é bastante quente pra Curitiba à 01:02h.
Como eu ia começar mesmo? Bem, não lembro. Esses dias li uma matéria sobre os sintomas de uma pessoa introvertida. Eram 23 e eu os sou. Eu ignoro a hipótese, mas um dos sintomas era gostar de escrever. Eu não gosto nem desgosto, apenas escrevo. Na maioria das vezes para poder dormir. Hoje eu estou sentindo frio, aquele frio no útero. Aquele que é capaz de fazer as mulheres gostarem de vampiros que brilham. E por falar nisso me veio à mente a bebida que pisca (entenda, uma pessoa introspectiva faz isso?). E bebida me fez lembrar que no próximo dia 22 eu ganharei abraço. Possivelmente (e não provavelmente) ganharei um beijo. E voltarei a sentir calor. Voltarei para casa.
O frio me leva por lugares distantes e assim eu permaneço, congelada. Não. Nem tanto. Permaneço quente, mas sem me mover, porque o frio vem de fora. Odeio o frio. Foi por isso que comecei a escrever (o blog). Preciso de abraço, de calor e de olhar. Eu evitei falar sobre o olhar, mas posso fingir ter bebido para não precisar me desculpar depois. Eu quero mesmo.
Hoje eu tive um sonho abstrato e acordei com um frio quente, sem querer levantar e querendo sonhar com coisas mais reais. Os olhos fechados são como um caminho sem volta. Não pude evitar.

Gostaria de ser mais intensa agora, este momento quase parece de humor, como se eu visse alguém rindo e ficasse magoada por isso. Talvez por isso eu esteja brava. Não tem graça. Queria poder explicar, mas ando tão sem criatividade.