AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

Aiai


Teu cheiro e teu olhar, só de lembrar pra me desconcertar.

Caro


Pode ser que sim, pode ser que não. Pode ser que você esteja planejando um fim doloroso com a intenção de ser lembrado. Pode ser que você consiga.
No início eu ficava horas esperando um sinal. Ok, pareciam horas. Segundos que pareciam horas. E pode ser que você pense que isso tenha mudado. Pode ser que um dia mude.
Pode ser que você pense que precisa se esforçar pra me atingir. Pode ser que um dia eu não seja tão egocêntrica. Pode ser que eu esqueça o gosto do seu café. Pode ser que eu descubra que tudo foi tão da boca pra fora. Pode ser que eu acredite. Pode ser que eu não tenha motivos pra escrever. Pode ser que não exista uma caixa azul.
Pode ser que você não perceba.
Pode ser que você não vá. Pode ser que eu não volte. Pode ser que eu fale como se não fosse um esforço. Pode ser que eu pareça leviana. Pode ser que eu não me importe.

Boa noite Cinderela


Eu sempre fui leve como uma pena. Todas as vezes que eu cai foi uma queda demorada. Eu flutuo pelo espaço lentamente absorvendo a queda. E talvez pelo pouco peso o impacto não seja tão dolorido. Doloroso é passar o tempo caindo. E então eu tenho dificuldade pra dormir com esse cobertor leve como lençol. Pode ser que durante a noite eu saia voando por aí como uma pena sem um peso para me segurar no lugar. E se eu voar será sem a minha permissão, eu voarei pela janela ou pela porta com medo de não saber voltar. Mas agora ele colocou as pernas sobre o meu corpo. Boa noite.