Nós tínhamos um quarto cheio de coisas super divertidas, que talvez não parecessem tão divertidas assim, mas que nos fazia feliz, entre milhares de outras coisas...
Na verdade o quarto não era só nosso, mas como passávamos mais tempo nele, já tinha a nossa cara subjetiva, cheia de trocadilhos, melancólica e em preto e branco. E essas características que antes nos eram tão familiares e felizes hoje mais parecem a porta do abismo.
Nem sei direito o que aconteceu, mas é pra isso que eu sou fotógrafa, pra olhar aqueles segundos registrados e contar segredos que ninguém mais se lembra. E olhando aquela nossa foto sentadas sobre o skate na noite da prefeitura eu me arrisco a dizer que na verdade não aconteceu nada. A mesma felicidade clandestina ainda mora em mim, mesmo sem o teu abraço e sem teus olhos piscando devagar. Mesmo de longe, sem saber se você está assistindo TV naquele momento e pensando a mesma coisa, sem teus ciúmes e sem teus dramas, eu te sinto bem aqui comigo. Então entre poucas pessoas no mundo que me trazem plenitude, você é uma delas.
E quando eu penso em não sofrer que “o pra sempre, sempre acaba” eu volto naquela noite quente em Criciúma quando eu não temia a perda e lembro que somos amigas para sempre e que nada seria capaz de mudar isso.
E dizer que somos contra a internet seria um tiro em nós mesmas, jornalista e fotógrafa. Mas a verdade é que aquela janela pequena do MSN de fato não é nem comparável à janela de um quarto cheio pela qual conversávamos há pouco mais de um ano.
Carol, se eu te visse hoje, na minha frente, eu desabaria numa pilha de lágrimas e sorrisos. Com certeza molharia teu ombro com a água de saudade dos meus olhos e nariz. Então domingo eu estarei aí, de volta pro meu aconchego, só por alguns dias e o número do meu celular está nos teus depoimentos.
Enquanto isso, dormirei na porta do quarto.
Eu queria entrar, mas perdi a chave.
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