AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

-(não esquecer) Para Deus muitas vezes o silêncio é também uma resposta.

Dói.



A água vai.
A águia vai.
A alma vai.
A alma tá, a calma tá, a calma cala.
A calma calada, a alma calada, a alma grita.
A alma grita, a noite grita, a noite vem.
A noite vem, calada e grita, a noite para.
O tempo para, o mundo para, e sem ninguém.

Sem ninguém que cale a alma.
Sem ninguém que grite agora.
E essa dor que vai e vem.
Vem com medo e sem demora,
Essa dor que veio agora
E não liga pra ninguém.

Se apago e finjo o nada
Cai a dor sem mais nem menos?
Se eu digo o que incomoda
Perco tudo desse jeito?

Dói, dói, dói.

Eu vou parar de gritar


Pimenta nos meus olhos. A enxaqueca pode vir de repente e me deixar com medo e vergonha de estar fazendo manha de novo, mas hoje eu preciso de algo além da minha cama. Minhas pernas estão latejando de tanto descer escadas, a rota da Praça Osório já não é tão boa como costumava ser. Depois que eu terminei eu esperei um sinal, mas a TIM está sempre sem. Eu peguei meu amado celular dezenas de vezes, ou mais. Tudo em vão. Não é só um dia diferente, o desprezo vem aparecendo com o tempo, como sempre. Aquela carinha fofinha e amor incondicional? Não mais. Eu vejo um pouco de pena e um pouco de carência, nada mais. Talvez seja o momento, eu rezo pra que seja. Pois o vazio em mim vai tomando forma e eu já não consigo dormir nem comer de medo. Talvez eu esteja na TPM, cansada demais, essas coisas. Talvez eu esteja exagerando, mas acho que eu nunca tinha o visto assim e agora eu estou com muito medo. As coisas não vão bem pra mim nos últimos dias, porque algumas das minhas esperanças foram por água baixo. E eu tenho que me reerguer e tentar de novo, lógico. Se eu prometi mudar, eu vou, mas não deveria ser assim. Eu devia estar dormindo tranquila agora sem tentar levar meus pensamentos pra algum lugar. Porque? Desde o último post isso vem me incomodando e é uma ferida que vem sendo cutucada, não preciso disso. Queria ser menos burra e me controlar. Provavelmente eu estaria pelo menos em outro lugar. Tenho saudades de Apiúna e de Criciúma, e do passado. Um passado presente. Um passado urgente. Faço as coisas e me arrependo fácil, que raiva! Aquelas mãozinhas poderiam me confortar, mãozinhas de anjo. Se eu abraçasse meus joelhos pareceria tarde demais, mas não, são 23:15h e já está tudo assim, tão frio e vazio. São tantas coisas boas e lindas, mas tudo tão distante de mim nesse momento. Se ao menos eu tivesse um baú. Um pote pelo menos. Dor nas pernas, na cabeça, nos olhos. No peito. Qual é o jeito certo de continuar? Sonhando? Eu vou parar de gritar. Espero que assim alguém me ouça.