Há muitas coisas a dizer, por
mais que eu pense, que eu sinta, que eu fale...
A minha memória é realmente
fotográfica. Não como um filme, não há seqüência lógica. A verdade é que eu
quase nunca me lembro do que aconteceu primeiro. Há um bronzeado, um cachinho,
uma blusa nova, algumas palavras (não muitas)... E com certeza há um pijama.
Parecido com a blusa que eu to vestindo agora. As imagens são muito nítidas,
como as minhas fotografias, mas certamente algumas coisas eu imaginei. A falta
de sono às vezes é positiva pra mim, principalmente quando encontro um pote.
Normalmente eu escrevo sobre
coisas passadas, por isso não lembro a ordem e não tenho certeza do que foi
real. Principalmente porque eu sonho muito. Muito mesmo. Com certeza, a
madrugada foi feita pra pensar.
Enquanto eu estava no banheiro eu
pensei sobre minhas madrinhas de casamento, não é exatamente um convite, mas as
minhas Amizades Sinceras eu posso contar nos dedos de uma única mão.
Se em maio eu pensava em
desistir, algumas coisas mudaram e agora eu penso em outras coisas antes disso,
como me esforçar muito pra não ficar ruim nunca mais.
Eu voltei a escutar músicas, não
que elas não me causem certo desespero. O passado está quase sempre presente,
mas o presente agora quase sempre me faz lembrar coisas que estão guardadas
naquelas imagens nítidas. Eu até acreditei quando eu disse que não sou mais
igual. Eram todas aquelas coisas que eu não podia lembrar, principalmente
porque pareciam distantes demais, como se fossem de outra vida ou só um sonho
que não aconteceu. As ruins e as boas. Por um momento percebi que são músicas
demais. Bandas demais. Será que dá pra ouvir todas, processar e até tomar gosto
ou criar uma relação de carinho com a letra? Agora é “E porque não?”, mas vai
ficar só comigo. Por hoje. Hehe, agora ele disse “A fudê”, uma expressão gaúcha
que acabou virando “afudi” por aqui. O que eu tava falando mesmo? Ah é, as músicas...
De repente eu sinto algo na garganta e então meus olhos se enchem. Eu não era
assim, chorava menos. Mas cada vez a dor vai ficando mais distante e o choro é
de felicidade. Foi assim no filme da Emma, aquelas músicas e aqueles
sentimentos, quase diziam sobre mim. Hoje em dia aquelas fitas a gente só vê em
capas de Iphone.
Eu sinto também saudade de
algumas coisas que não vivi, mas eu realmente amei tudo o que eu vivi. Até os
ossos. Quando eu percebi que eu estava nas últimas páginas do livro, no último
ato, eu abracei os joelhos e não quis mais largar. Eu segurei com tanta força
que meus músculos atrofiaram e, segundo o doutor, eu tenho até tendinite na
patela. Eu acho que não me distraí. Minha meta era enlouquecer ali, sem minha rádio.
Num segundo alguém puxou minhas mãos e eu estava despreparada. Tive que correr
junto, porque ela não largava. Fiquei brava. Alguém me tirou do meu buraco sem
minha autorização. E é lógico, porque eu não autorizaria. Só paramos de correr
um dia desses e, de repente, não tínhamos nada a dizer. O sono não vinha, nem
com o álcool. Algo diferente correndo em minhas veias. Mas achei uma maneira
diferente de dormir sem o meu pote. Depois de tudo eu tentei dizer, mas as
palavras são sempre insuficientes. E eu, que adoro coincidências, escutei a música
que poderia traduzir de forma especial. Falando em coincidências, está tocando
agora “Dia Perfeito”. Especial ou perfeito, não diz nada, assim como as minhas palavras
subjetivas. Mas talvez eu possa ser mais direta, talvez eu me permita isso um
dia. Talvez, se não acabar a bateria, ou se a internet não estiver lenta
demais. Hoje não.
Boa noite, fica com Deus. Até
amanhã.