AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

Um pouco distante


Passei um tempo vazia de palavras, pensamentos e sonhos. Esses dias não existiram e não passaram. Não como quando envelheci dez anos em um mês. Dessa vez alguns sentiram minha falta e eu não senti nada. Mas aos poucos minha energia foi voltando e o primeiro sintoma foi voltar a sonhar. Primeiro dormindo. Janelas, suspiros, frio, calor, cheiro forte (provavelmente da tinta que estou usando pra pintar a mesa). Algumas partes do corpo aparecem, não como um filme, mas como fotografias explícitas que só o fotógrafo sabe sobre o que é.
E de repente eu estava acordada. Não querendo levantar e tentando lembrar, depois tentando melhorar e enfim, tentando sentir. E é fácil. Muito. Minha memória é boa. Lembro do canto dos olhos, lembro das janelas, lembro do cheiro. Só não do gosto.
Mas o dever me chama e eu volto a distante realidade. Um pouco distante. Um pouco perto.

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