AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

Noite


Novamente.

Noto que a noite é negligente. Não noticia um número no relógio, não negocia minha necessidade de ficar nela. Nele. A nação não nota, naturalmente, e noite após noite não chega outra notícia. Em novembro nenhum nervosismo, nem na noiva, nem nas núpcias. Nem nele. Nesta noite novamente eu nua, numa naturalidade de nausear, negocio com a noite.
-Noite, note minhas nádegas, não note o número no relógio. Ninguém namora, ninguém adianta planos nessa hora. Nem ele. Não sou a ninfa, sou a nociva, não nascida no Norte. Eu causo náusea nessa noite e noutro novembro causarei nostalgia. Como ele. Nobre, neutro, nada. Nada é o que somos nós. Necessito negociar, nadar para o norte, navegar sem nexo. Nós. Ó noite, eu que sou nômade sem nome, note-me. Só nessa noite, não me dê boa noite. Vamos nadar nele numa noite nublada. Navegar sobre as nuvens, a neblina e a névoa, pois esta sou eu, neblina e névoa. Não me nocauteie nessa hora, pois o nosso número ainda não chegou. Seja Noel. Não note o nó. Nós. N.

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