Uma visão índigo me incomoda. Por mais que eu saiba que preciso entendê-la e superá-la estou presa em um quarto com uma janela velha e bonita. Vejo futuro, vejo passado, leio presente, mas não estou presente.
Um presente seria mãos de fogo pelas minhas costas. Não gosto do frio. Mas o frio há de ser útil quando não se pode falar a verdade. Mãos de fogo e olhos de fogo num quarto frio e mudo que não se pode falar, mas pode olhar e pode tocar, sutilmente. Por isso eu estarei sempre sã, para responder pelos meus atos e ter muitas formas de me defender. Mas a sua análise não está toda errada, eu queimo desde sempre. E me machuco. Eu me machuco sozinha. Porque por mais que o tempo passe, há coisas que você nunca vai esquecer.