AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

Olhos índigos amarelos


Uma visão índigo me incomoda. Por mais que eu saiba que preciso entendê-la e superá-la estou presa em um quarto com uma janela velha e bonita. Vejo futuro, vejo passado, leio presente, mas não estou presente.
Um presente seria mãos de fogo pelas minhas costas. Não gosto do frio. Mas o frio há de ser útil quando não se pode falar a verdade. Mãos de fogo e olhos de fogo num quarto frio e mudo que não se pode falar, mas pode olhar e pode tocar, sutilmente. Por isso eu estarei sempre sã, para responder pelos meus atos e ter muitas formas de me defender. Mas a sua análise não está toda errada, eu queimo desde sempre. E me machuco. Eu me machuco sozinha. Porque por mais que o tempo passe, há coisas que você nunca vai esquecer.

0 comentários:

Postar um comentário