AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

Eu não sei perder


No inverno fica tarde mais cedo
Só depois de perder você descobre que era um jogo
Um jogo que não acaba nunca, nunca acaba empatado
Se foi um jogo, você ganhou: Eu perdi a direção
Se foi um sonho, se foi o céu, eu não sei
Eu que não sei perder, perdi o sono
Na escuridão, na escuridão.

Fingi na hora de rir


Pois eu, eu só penso em você
Já não sei mais por que em ti eu consigo encontrar
Um caminho, um motivo, um lugar
Pra eu poder repousar meu amor

Meias palavras


coisas que eu apaguei.

Olhos índigos amarelos (parte 2)


Eu disse que estaria sempre sã para responder pelos meus atos e ter muitas formas de me defender. Mas faz tanto tempo que acabei esquecendo das minhas promessas. Agora fico indo e voltando daquele quarto de janelas velhas e bonitas. Pelo menos esquentou.

Demorou pra ser (presságio)


Antes que eu soubesse, já estava com você
Quando eu te vi, não foi fácil entender
Demorou pra ver, demorou pra ser
Mas agora (mas agora)
É

Quando chove na cidade
Eu lembro de você
Daquela vez que caiu o céu
E eu te coloquei debaixo de mim
Da primeira vez que você chorou
Deitada no meu peito o coração
Quente de dor e amor, quente de dor

Demorou pra ser
Mas agora é
Demorou pra ser
Mas agora é

Você é a vida da minha vida
Você é a vida da minha vida

Enquanto eu tiver saúde
Enquanto eu tiver de pé
Enquanto a gente se amar
Enquanto a gente ainda tiver
Um coração tão cheio
Tão cheio de amanhã
Vê? Meu coração tão cheio
Estou aqui

Demorou pra ser
Mas agora é
Demorou pra ser
Mas agora é

Talvez eu deva uma explicação


Em 2009 quando eu comecei a escrever o blog eu estava mal. Eu não lembro muito bem da dor, mas eu lembro muito bem o motivo. E como uma pessoa qualquer eu vivi procurando a parte que falta em mim, acho que isso fez da minha vida uma história mais bonita. Eu fui me arrastando com muita força para fora do buraco, mas enquanto eu não conseguia sair totalmente aprendi a apreciar as folhas que caíram dentro dele e eventualmente o sol que batia ali. Aos poucos eu me vi na superfície e percebi que cada um estava se erguendo de seu próprio buraco.

Em 2015 as coisas estavam bem diferentes. Eu já tinha um "pequeno" motivo para suspirar, eventualmente. Não sei por onde eu me perdi, mas eu precisava entender o buraco, os motivos, o frio, os pesadelos, e então eu entrei para dentro de mim e quase desmoronei novamente. Tive muita ajuda profissional e uma das coisas mais fortalecedoras que eu ouvi foi: você está em construção, mas já esteve em demolição.

E assim foi. Em 2016 e 2017 eu estava em construção. Não olhei para ninguém. Talvez apenas para o meu sobrinho que nasceu. Eu suspirei por ele também e por aqueles olhinhos brilhantes. Agora eu acho que me sinto pronta pra voar para bem longe do meu buraco, mas antes, vou passar esse ano plantando uma árvore nele, talvez um visco. Porque depois de tudo isso eu finalmente lembrei quem eu sou.