AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

Talvez eu deva uma explicação


Em 2009 quando eu comecei a escrever o blog eu estava mal. Eu não lembro muito bem da dor, mas eu lembro muito bem o motivo. E como uma pessoa qualquer eu vivi procurando a parte que falta em mim, acho que isso fez da minha vida uma história mais bonita. Eu fui me arrastando com muita força para fora do buraco, mas enquanto eu não conseguia sair totalmente aprendi a apreciar as folhas que caíram dentro dele e eventualmente o sol que batia ali. Aos poucos eu me vi na superfície e percebi que cada um estava se erguendo de seu próprio buraco.

Em 2015 as coisas estavam bem diferentes. Eu já tinha um "pequeno" motivo para suspirar, eventualmente. Não sei por onde eu me perdi, mas eu precisava entender o buraco, os motivos, o frio, os pesadelos, e então eu entrei para dentro de mim e quase desmoronei novamente. Tive muita ajuda profissional e uma das coisas mais fortalecedoras que eu ouvi foi: você está em construção, mas já esteve em demolição.

E assim foi. Em 2016 e 2017 eu estava em construção. Não olhei para ninguém. Talvez apenas para o meu sobrinho que nasceu. Eu suspirei por ele também e por aqueles olhinhos brilhantes. Agora eu acho que me sinto pronta pra voar para bem longe do meu buraco, mas antes, vou passar esse ano plantando uma árvore nele, talvez um visco. Porque depois de tudo isso eu finalmente lembrei quem eu sou.

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