AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

Diário


Como ser menos humano.
Um caderno de lembranças, quase como um passado desenhado a mão livre. Não é meu e nem posso controlá-lo. Ninguém pode. Porque dói?
Se aquelas palavras fossem realmente verdadeiras, não pode ser verdade agora. Mas na época eram. Eu sei que é humano sentir, sei que outros sentiriam igual. Mas não quero ser como os outros. Não quero sentir. 
Paralelo a isso a mãe do menino foi mostrar as fotos da ex-mulher pra atual. 
Isso não merece um post.

Oi Tati, sonhei contigo.


Falando em Anjo da Guarda, ele anda bem longe de mim. Culpa minha que não soube obedecê-lo, diria Angelo.
O meu sono agora tem vindo sem avisar. Na verdade, muitas vezes nem o vejo. A minha mente passa por tantos lugares que eu imaginava não ser capaz, e a dor vai diminuindo ou aumentando conforme o tempo que eu passei sem voltar. Existe aquele morro difícil de subir quando se é criança e provavelmente algumas crianças, diferentemente do resto do mundo, estão nesse exato momento olhando o céu pouco estrelado e sentindo em pleno a beleza do mundo. Alguém, como a Talita, pode dizer que sabe do que eu digo. São um monte de pontinhos luminosos no céu pouco estrelado, pontinhos de sonhos e esperanças. Naquela noite nós nos deitamos sobre o morrão de descer de roller e o chão estava quente. A cor do meu uniforme já não era mais decifrável, mas a verdade é que não há nenhuma importância nisso, quando estamos de olhos e coraçãoes bem abertos e as bocas fechadas, pensando como será daqui treze anos. E se existem as dúvidas, é melhor não respondê-las. Ninguém me contou o que aconteceria, mas eu agradeço, afinal nada é pra sempre.

Sonho de insônia


Era a minha obrigação, afinal não era só a minha noite que estava em cheque. Mas meu pote sumiu, fiquei procurando ele por algumas horas, desde a hora de dormir. Procurei pelos três ou quatro cantos onde ele pudesse estar, pedi ao São Longuinho. Mas acho que foi obra do meu Anjo da Guarda, ele é sempre muito sapeca. Esconde minhas coisas e depois devolve extamente no lugar onde eu mais procurei. E achei.
Tirei dele um pouco de socialização e prometi a mim mesma que não tiraria muita coisa a mais dessa vez, mas as coisas forão saindo sozinhas e depois que saiu uma janela inteira eu não pude mais conter. Havia uma luz bem pequena, quase imperceptível, exceto pra quem quer se esconder. Havia uma cama, mas ela não estava pronta para dormir, pois havia um violão que ocupava metade do meu lugar. Mas o meu sono foi chegando de leve e dormi assim mesmo. Mas quando eu acordei eu ainda estava no sonho, tudo intácto. Haviam coisas queimando, mas não sei definir bem. Durou apenas alguns minutos, ou talvez uma hora, mas o tempo passa diferente para cada circunstância. E aqui estou, acordada ou dormindo. E por isso não tenho certeza se estou com ou sem o meu pote, mas provavelmente ele foi servir de ombro pra alguém. Enquanto isso as coisas que saíram involuntárias servirão para me manter sonhando, por mim e por mais quem precisar de um sonho. As coisas parecem confusas, mas existe uma explicação, a saudade.

A origem


À minha memória paralela.
Eu já tinha aquela chata mania de guardar papéis, mas junto com ela havia aquele aparelhinho que eu achava tão capaz quanto a minha memória. Nele eu guardei as coisas que eu não queria ou não podia esquecer, como as Amizades Sinceras, mas de repente eu percebi que só as minhas memórias é que não são voláteis.
Eram apenas algumas músicas sem melodia. Onde foram parar meus papéis? Será que tudo isso faz parte de algo que eu apenas imaginei? Eu não estava dormindo, senti em pleno todo aquele cheiro, aquele gosto. Posso até me lembrar de como é tocar na mão de alguém e sentir queimar. Se fosse um filme eu diria que é aquele que quando algo traz alguma memória a tona toda a minha vida volta àquele lugar. Se fosse uma música, não seria uma só, seria um concerto desconsertado. Se fosse um livro, rs, seria aquele em que a garota sempre achou que fosse morrer.
Mas as vezes o meu celular tocava mais de 30 vezes e eu não acordava, e quando eu acordava alguém estava bêbado. É claro que era um sonho. Nada aconteceu realmente em minha vida, era tudo apenas uma subjetividade que eu acreditava entender. Poderia ser um mundo paralelo ou apenas um sonho que se sonha só. Porque não entendo agora?
Essas perguntas já não estão na minha cabeça. Talvez por causa do Topiramato, que me dava perda de memória recente, apesar de que estas memórias eram de outra vida. Lembro de alguém ter dito que isso era injusto, lembro de alguém ter vindo ao meu encontro de braços abertos e lembro das vozes que recitavam. Mas se realmente aconteceu, onde estão meus papéis? Em que ato estou neste momento? Qual é a minha fala?
Eu joguei fora o baú, mas ainda tem alguma coisa que não faz sentido. 
Por um bom momento eu quero apenas a liberdade. Eu poderia viver tudo outra vez. Mas e depois, será que ela teria o mesmo gosto? Eu não tenho essa escolha. Tudo acontece contra a minha vontade. Será que o gosto que eu senti é real? Certamente a realidade, não tendo o gosto, foi ainda mais intensa que tudo o que sonhei. O mais intenso de tudo o que eu senti.
Agora até as minhas roupas estão manchadas de vermelho de tanta honestidade. Eu também queria saber o que queres ouvir, e a cada palavra que agradar teus ouvidos eu abriria mão de um segredo. É incrível chegar a este ponto. Todas aquelas estrelas que seguimos.
Eu não gosto de toda essa minha fluidez, mas não há razão, vergonha ou família a quem eu possa culpar. Só não me deixe desaparecer. Eu tenho uma recomendação. Se o dia for mesmo difícil e a noite te persistir acordado, abra o pote que está embaixo da tua cama e, além de guardar nele todas as lembranças de hoje, pegue de volta todas as lembranças que há muito tu escondeste dentro dele. 

Eliana


ELIANA IN TRAINING - THE PASSIONATE ADELE SINGER



Jorge and Alexa


Be My Baby- The Ronettes Acoustic Cover (By Jorge and Alexa Narvaez)


Jorge and Alexa


Perdoname En Silencio - Reyli Barba Acoustic (Cover by Jorge & Alexa Narvaez)


Jorge, Alexa and Eliana


The Only Exception - Paramore Acoustic Blooper (Cover by Jorge, Alexa and Eliana Narvaez)



Jorge, Alexa and Eliana


Unthinkable - Alicia Keys Acoustic Cover (Jorge & Alexa Narvaez)

Fico encantada. 


Amizade Sincera 4 - Meu Mundo Mágico


Realmente, poderia iniciar com “r”, Rosimere. Mas não, meu erre e meu erro foram outros, minha Mere inicia com “m”.


Era meados de meus melhores momentos. Machado. Minha maturidade mal movimentava.
A magia da manhã me mostrava minha menininha me mirando, mãos miúdas. Minha magrelinha. Eu mimava e ela me mostrava um mundo que pra mim era o máximo.
Matéria? Matemática.
Média? Mil.
Música? Metal.
Mãe? Mere.

Mas migrara de Marte? Mercúrio?

Meu meteoro. Minha menininha veio ao mundo depois de mil milênios.
Sem malícia ou maldade.

Minha menina mandava: mamãe, me ensina!
E a mamãe mostrava-me a mesinha magenta.
Mal me mexia. Um M maiúsculo minha menina montou.

Meu milagre era minha mania.
Marido, Madrinha, Mano, Maura, Madalena, Marilésia, Marina.
Mesa, macarrão, molho.
Mandaram-me para a mídia. Mega e macros.

Mundo maluco o meu.
Medo medíocre o meu.
Um minuto e eu me mudei do meu meridião.
Sem moedas, medalhas ou mágoas, mas muito, muito medo.
Montei minha mala, minhas malhas e mecanicamente me "masoquisei". Sem mapa.
(Metomania).

Maré de morte.
Meu médico mandou: Meclobemida, Maprotilina, Mirtazapina.
Essa mudança machucou, maltratou, mas não me mudou.
Ainda anseio pela minha menina, meus milagres e, motivada a melhorar, moldurei minha memória mensurável.
Mas agora, em meados de março, manifestou-se a maieusofobia.
Maciça ainda é minha melancolia.

Minha menina mora em minha mente.

Jorge, Alexa and Eliana - Reality Changers


Home - Edward Sharpe and The Magnetic Zeros Acoustic Cover (Jorge & Alexa Narvaez)


Eu não sou mais igual


Já faz quase dois anos e pouca coisa dentro de mim mudou. Não acho que eu seja a mesma pessoa do Natal de 2009, mas certamente o Natal de 2010 me fez sentir estável. Não sei se é bom ou ruim, mas eu gosto de passar o Natal em casa.
O sonho do visco de Apiúna continua lá, intacto.
Por hora continuo a torrar no calor e muitas vezes não consigo me alimentar. E o frio é só o frio.
Sinto saudades do meu frio quente, da minha cidade úmida e dos meus olhos secos. Dói de verdade.
Mas nada para. E eu, não como antes, não paro. Corro o dia todo em busca do nada, que é bem melhor que qualquer coisa ruim. A vida corre pra lá e pra cá... Mais pra cá eu suponho. E eu olho para os meus ossos que não são os mesmos, para os meus cabelos que eu enrolo como sempre com as duas mãos e assim me mantenho ocupada. E as coisas que eu tenho a dizer, essas sim, continuam como antes: subjetivas.
A vida é mesmo uma correria, você quase não se lembra mais como aconteceu. Você acorda cedo, lava os olhos com preguiça, escova os dentes, se despe, se veste, abre a porta de casa e se lembra que esqueceu da chave do carro ou do crachá e volta pra buscar, chama o elevador e enquanto ele não chega você tem dois minutos para se olhar pelo espelho do corredor do prédio e ajeitar o cabelo e a gola da camisa (eu trabalho de camisa). No elevador você segura a chave certa, confere se pegou o cartão, pensa em não esquecer de passar no banco e antes que você perceba já está no serviço. E quanto mais velho você fica mais curto o dia parece. E de repente você percebe que não terminou a faculdade e nem o curso de inglês porque o único tempo que lhe restava você decidiu fazer um curso para melhorar o salário. E ainda bem, porque a gasolina aumentou, o aluguel aumentou, a energia aumentou (não a sua – a da sua casa), a inflação aumentou. Não sei o que acontece depois, me parece que você se casa, tem filhos e envelhece logo. Mas ainda não cheguei aí. Eu acreditava e realmente espero que em um certo momento da vida você para. As coisas vão se encaixando lentamente até tudo voltar ao seu lugar.
As vezes, só por um segundo, eu penso que isso é uma escolha pessoal. Mas quero continuar na correria. Quando o mundo parou pra eu descer parecia que tinha um gigante esmagando meu coração.
Pareço uma velha, eu sei.
Envelheci muito mesmo nos últimos anos.
Ainda pego o violão de vez em quando, abro meus e-mails vinte vezes menos que antes e voltei a cantar no chuveiro. Para o meu pai isso é uma alegria só.
Escrevo músicas quase sempre e quase sempre são iguais para mim. E isso até pode significar que alguma coisa em mim permaneceu. Mas não, eu não sou mais igual.