Hoje é um dia tão solitário, parece uma premonição para o dia que vem a seguir. Esse ano foi tão diferente até agora. Minha
amiga de sempre não é como antes, ontem foi um dia de admitirmos isso. Mas não é só isso.
Já faz cinco anos que eu deixei meu inferno particular. Aqui está mais frio, como sempre. De qualquer forma faz um tempo que eu desisti de aquecer. Em casa eu tenho um sol, deve ser por isso que só aqui eu me sinto em casa. Não há nada que me faça ter dúvidas da minha escolha nesse momento, meu sol. Antes de dormir eu jamais vou deixar de pensar no seu calor. Mas a verdade é que quem me trouxe esperança foi uma
baixinha.
Eu chorava o tempo todo, naqueles velhos corredores dos prédios. O tempo todo, acreditando que jamais passaria. Escondia-me não por vergonha ou por não querer preocupar, mas porque eu não conseguiria explicar. Ela apareceu e me devolveu a esperança de que podia existir mais alguém nesse mundo frio. Mesmo que ainda não fosse ela e eu tenha me precipitado, eu acabei esquecendo. E o que era eterno se tornou momentâneo, esporádico, até de tornar passado.
Outra, de certa forma, eu sinto que troquei de lugar. Não me esforcei, não me dediquei, apenas fui eu mesma, mandona, deprimida e presente. E de alguma forma funcionou. Sinto uma amizade crescendo a cada dia, sem exageros e dramas, apenas algo ficando forte e maduro. E mesmo que ainda não seja ela, talvez eu esteja um pouco esperançosa.
E a lua. E o que mais dizer? Eu que já disse tudo e nada. Esse ano foi tão diferente até agora. Um inferno astral que talvez tenha trazido coisas de grande valor. Saberei um dia. Porque me prometo ausentar, não ser boba de achar que só o que é bom é verdade. Afinal, palavras são palavras. O que vale aqui é a métrica e não o sentimento. Mas falo o tempo todo, sem conseguir me esconder e ouço pouco. Sei pouco. Ou nada. Porque são palavras.
Mas
Carol, só você. Eu estava aqui pensando antes de começar, como estou sozinha. Como me importo com algumas poucas pessoas e mesmo assim sou pequena diante delas. Mas eu dei play em CQ e lembrei que antes de tudo você estava aqui, e depois de tudo você estará. Preciso de abraços de alguns dias e olhos e narizes molhados, mas aqui nem chorar eu posso. Quero apenas ser um pouco idiota com você e deixar de me preocupar, porque tenho saudades de ser eu.
E escurece e a lua aparece. Não consigo ficar sem falar dela. Aos poucos fica na cara. “Melhor amiga”. Palavras. Hoje é um dia tão solitário.
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