AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

Satanismo


Era uma vez uma bruxa. Ela nasceu assim, não sabia que era uma bruxa. Ela era uma criança boazinha e amável. Um dia ela entrou num labirinto e encontrou aquele que não devemos mencionar e foi então que tudo ficou nublado. Ela nunca mais esteve sozinha, sentia sempre a presença de uma sombra, um vento gelado sob seus pés. O medo fez com que ela aprendesse a falar a língua dele e mesmo nos momentos mais doces algo amargo derramara sobre sua língua. Gosto de sangue. Gosto de frio.
Um certo dia ela fez um amigo. Ele era doce, mas todos só percebiam que por baixo dos olhos indigos amarelos ele carregava a dor de ser quem era. Quem carrega uma dor tão grande simplesmente por ser quem é deve ter feito coisas horríveis. Ele fez. Ele dilacerou vidas em sextas-feiras de lua cheia, mas ela também sugou a energia de criancinhas e possui corpos de animais. Então ela supôs que ele seria alguém em quem se pode confiar.
Os dois saíram em busca da sua aventura, até encontrar um casebre velho que pertencera a uma bruxa velha. Lá ficaram escondidos por dias, afinal era perigoso ser quem se é. E numa noite de temporal caiu um raio que queimou a casa, mas ao invés de salvarem a casa velha eles se olharam e perceberam que finalmente se sentiam sozinhos.
A bruxa e o lobisomem congelaram no frio da chuva e queimaram no fogo da tempestade, mas agora é tempo de quaresma e os animais aparecem mortos. E o que está morto não pode morrer.

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