AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

Despertar


À noite eu deito no colchão e antes de pegar no sono eu sinto a relva crescendo embaixo de mim. No solo úmido crescem plantas e pequenas flores brancas como plumas que se desfazem com o vento e dançam lentamente sobre mim. Percebo uma gota de orvalho sustentada por um milímetro. Ela vai cair. Quanto tempo dura esse instante? Quanto tempo tem um instante? Um milésimo de segundo ou uma vida inteira? Enquanto ele dura eu respiro e minha boca forma uma lua minguante. Vejo meu reflexo na gota. Convexo e ao contrário, como se o lado de lá fosse o mundo real. Eu me espio, o instante dura e eu adormeço. Ou acordo.

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