Se você não disser e eu supor.
Se eu ouvir da tua boca velada
Diz só sobre mim?
Ou diz sobre nós?
Eu seguro entre as pernas
Todas as palavras que vem
E sobem pelo corpo
E param no topo da cabeça
E saem pela boca.
Distorcidas.
Tudo o que começa entre as pernas, passa pelo estômago e finaliza na mente sai de forma concreta. Mas o que eu suponho não é concreto. O que eu suponho não passa pela tua boca velada.
Tenho vontade de chorar, porque o abstrato é límpido e leve, mas vive lá na outra realidade, sem planos, sem passado, sem pretensão. Tenho vontade de chorar porque é bonito. É bonita a luz que passa sempre pelos olhos amarelos, e é bonito o desejo de permanecer podendo ir. É bonita a leveza, é bonita a esperteza e é bonito o caos. Mas tudo isso é concreto, existe agora. O caos é concreto e eu me esquivo, eu fujo. E quando eu fujo eu suponho. E sonho.
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