Percebi que esse ano eu tenho feito muito mais postagens do que de costume, mas elas também são mais vagas do que de costume. No começo eu tinha um problema grande pra enfrentar, mas agora, ainda doente e sentindo a falta do sol eu quase já consigo me sentir em casa. Na verdade se eu voltasse pra casa eu estaria mesmo perdida. Engraçado como normalmente as pessoas se sentem perdidas e de repente se encontram, com amigos, em um lugar... Eu que sempre tive a minha moradia me sinto cada vez mais perdida. Mas os problemas se foram. Eu acho que eu me preparei a vida inteira pra isso, eu posso lidar. Posso lidar com o vazio e o escuro, mas também com a amizade repentina que aparece em um olhar sorrindo ou no amor que eu não sei de onde vem. Amor sem motivos. Eu posso lidar com isso à distância, já escrevi sobre isso uma vez. Eu posso sentir tudo isso e escrever coisas que parecem sem sentido, desde que seja de longe. Porque de perto esse frio me dá medo. Esse frio quente. E é por isso que eu não tenho bebido. É por isso que eu fico um pouco quieta. Porque enquanto ninguém me entender eu posso continuar falando coisas sem sentido, posso falar na voz de outra pessoa, posso até fingir que não entendo, ou pior, fingir que eu entendi que foi uma indireta que me deixou voando por colinas em um dia de sol. Mas se alguém entender, seja lá quem for, acaba tudo. Acaba meu potencial em achar que tudo permanecerá igual, afinal. Consequentemente meus sonhos acordada escorrerão por meus dedos.
Monomania. Não vim falar sobre isso. As vezes meu cérebro me aborrece por não filtrar as palavras. Eu vim falar sobre como as coisas mudam. Será que todo mundo sente assim? Como a vida muda e de uma hora pra outra você sai do filme 1 e vai pro filme 2. Ou sai de um ato pra ir pra outro. Comecei em uma peça de teatro chamada "2002 foi bom pra você?". Nem lembro o que aconteceu em 2002. Deve ter sido. Mesmo se não tivesse, a lembrança que eu tenho de uma passagem não é real. Ou é. Mas não posso dizer que um ano foi bom com base na lembrança de um fato. E eu tenho uma lembrança incrível de uma madrugada muito fria com amigos e um violão. Faz tanto tempo. Se eu julgasse apenas por essa lembrança eu podia jurar que foi um ano bom. Não é novidade que eu preciso de sol. Nem é novidade que eu odeio o frio. Mas as melhores lembranças são de madrugadas frias.
Mas o quão importante as pessoas foram? Mais do que as lembranças que ficaram? As coisas mudam realmente. É tão difícil deixá-las partir. É mais difícil saber se elas querem mesmo ser abandonadas ou se elas só fazem questão de não serem esquecidas. Porque se for isso, ninguém corre perigo. Eu não esqueço. Nem frio, nem fumaça, nem cheiro, nem olhar, nem céu. Até me dou ao luxo de continuar sonhando que um dia nos encontramos novamente, pois como diz a pequena, a vida é como o mar.
Eu te amo.
Com o que eu posso lidar
Não sei quando
Era uma vez um pequeno garoto que morava dentro de um ovo. Ele achava lindas todas as meninas que moraram lá. Uma delas era engraçada e apesar de fria ela tinha um sorriso de verão. Ele sabia que nada mudaria entre eles. E talvez ela também gostasse dele, ele pensava. Então ele iria, não sabia quando, roubar seu coração.
Desconcertante
Tudo o que eu preciso fazer é me concentrar na leitura, no violão, na aula. É tão fácil me desconcentrar. E para cada luz que eu acendo mais no escuro eu fico.
Solidão
É muito esforço para uma pessoa tão pequena.
Só quero a presença no presente.
Não me ache tão carente, eu só quero presente.
D
Nunca achei ruim. Na verdade eu poderia ter nascido com outras deficiências bem piores. Mas hoje eu só queria não estar tão cansada.
Sonho
Ontem eu sonhei que eu estava deitada com os pés no lugar da cabeça. Minhas pernas estavam encolhidas para que a minha cabeca ficasse no meio da cama e de frente para o meu rosto havia outro rosto ao contrário. Como o homem aranha.
Nesse rosto havia um sorriso e nesse sorriso havia uma lembrança e nessa lembrança havia um sentimento.
A câmera que filmava o sonho não era aérea dessa vez. Mesmo assim não houve nenhum toque, só olhares, sorrisos e ares.
A noite
Em uma tarde de domingo a lua já estava visível. Então a noite chegou bonita e pequena e eu logo me encantei. Todas as luas e todas as estrelas brilham para ela e agem como se tivesse hipnotizadas. Eu nunca entendi, mas uma vez a noite me disse que não era a sua intenção me hipnotizar. Então eu achava que eu tinha o privilégio de andar pela noite e conhecer os becos e sentir a brisa sem me entorpecer com seus enganos. Eu achava que conheceria a noite como ninguém.
Hoje eu sei que ela é aberta, limpa e clara, para vê-la basta estar de olhos abertos. Eu não sou alguém especial, sou apenas mais uma estrela no céu limpo. Mas ela não quer me hipnotizar.
Nuvens
Quando eu comecei a escrever aqui já sabia que o sol me fazia falta. Eu pensei que fosse ficar doente logo, mas levou um certo tempo. De qualquer forma eu já estava preparada, quando os sintomas começaram a aparecer eu fingi que estava apaixonada, que morreria de desejo, que seria um conto de fadas. E como ainda não terminou (e eu não sei em que ato está) eu continuo sentindo a dor como o amor e o tremor como frio e o cansaço como sintoma de eu ter vivido demais. E não como uma doença grave que possivelmente me fará morrer antes de alguém que fuma 2 maços por dia. Eu não tive uma visão sobre mim, não consigo encontrar nenhuma bruxa com olhos de vidro nessa cidade tão grande. Então é melhor eu viver. E tocar. Porque amanhã pode ser tarde. Mas agora ainda é cedo.
Só por hoje
Talvez exista uma maneira de levar adiante o toque. Se não existir, eu ainda quero acreditar em mãos e abraços. Porque eu acredito que não exista maneira de voltar no tempo, não acredito no sentimento hoje, só acredito no desejo de um toque. Tempo mano velho, volte a correr macio.
Logo ali, depois da curva...
Depois de tanto tempo eu ainda preciso entender tudo o que aconteceu. Eu quis esquecer e fugir. E mudei. Desde que esse blog começou. Eu fiquei brava porque ninguém era capaz de se colocar no meu lugar pra saber como eu me sentia sozinha, mas a verdade é que eu não fui capaz de perceber como deixei as pessoas sozinhas. Foi uma briga ou outra, mas meus amigos não tiveram nada a ver com isso, eu estava desesperada, como o início mostra. Então tudo mudou. Eu só queria a paz da solidão, sem pessoas capazes de machucar. Tudo o que eu queria era exatamente o que eu não precisava. Despedi-me de ti com um abraço e só por duas ou três vezes voltei pra dizer o quanto te amo.
Quando eu percebi que havia envelhecido 10 anos ou mais, já era tarde. Eu queria de qualquer forma o brilho da velha amizade, mas ainda estou um pouco envelhecida. Aquele meu sorriso que foi roubado aparentemente não voltará, mas isso não significa que eu não queira sorrir de todo o meu coração.
Mas quem sabe o que é ter e perder alguém? Eu sou feita de cicatrizes, não deixei que isso acabasse comigo, não me sinto mais forte ou mais fraca, não penso e não sinto, mas não importa onde você vá nem o que você faça, algumas coisas você nunca esquecerá.
Resumindo, eu amo, eu confio, eu sinto falta, eu desejo. Preciso de ajuda. Desconsidero qualquer pessoa que diga o contrário, a nossa história será como a gente quiser. Serão dois caminhos que um dia se encontraram e viraram uma estrada que chegou a um quarto. Nada diferente do que sempre dissemos. Sempre.
Curitiba é uma cidade grande. Enquando eu procuro eu vou tropeçando e me perdendo...
Lição de hoje
Se você deixa alguém no escuro você corre o risco de estar tão perto a ponto de ficar no escuro também.
Nem há tanto tempo.
Da vez primeira em que me assassinaram, perdi um jeito de sorrir que eu tinha. Depois, a cada vez que me mataram, foram levando qualquer coisa minha.
Condições
Quis nunca te ganhar
Tanto que forjei
Asas nos teus pés
Ondas pra levar
Deixo desvendar
Todos os mistérios
Sei, tanto te soltei
Que você me quis
Em todo lugar
Lia em cada olhar
Quanta intenção
Que eu vivia preso
Eu sei, é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim
Amigo imaginário
Desconfio que eu esteja doente. Com certeza esses arrepios não são normais. Preciso fechar os olhos e perco totalmente a noção de espaço. Talvez um pouco a noção do tempo também. Parece um voodoo, alguém está me tocando de algum lugar. Deve ser câncer. Um tipo raro. Talvez as pessoas venham se despedir de mim quando souberem, afinal eu posso morrer a qualquer momento.
Então eu vou poder finalmente cortar meu cabelo bem curto, talvez eu os doe. Talvez doa.
Por enquanto ta bom assim.
O que aconteceu no começo? Tente se lembrar. Será que eu dormi? Por quanto tempo?
Quem disse que já estivemos acordados?