Hoje eu seria totalmente fluida, possivelmente pouco subjetiva e como raramente, descritiva. Sobre música, batuques, arrepios, olhares e... Não, não vim falar sobre isso.
Se não fosse pelo filme de hoje eu falaria sobre o tempo enfim, mas... Sim, é sobre o tempo na verdade que eu vim falar.
Minha professora doida é tão contraditória sempre. E eu a entendo perfeitamente, o mundo é uma total contradição. O Bresson falou sobre olho, cabeça e coração, mas muito antes disso disseram que o órgão é o dedo. E no caso, o dedo é o tempo.
É pouco provável que um dia uma foto minha seja capa de revista, mas minha mente funciona muito parecidamente com a do Mitty. É aquele lance do tempo da minha cabeça não ser o mesmo tempo do tempo. Outro dia eu estava no ônibus e quando cheguei no tubo anterior ao meu comecei a pensar em formas de olhos, tentei ver na minha frente dois olhos me fitando, ver a dobra discreta do canto dos olhos, ver a cor e ver por de trás dos olhos. Seus. De repente, depois de muitos minutos, o meu inconsciente ouviu a voz sensual dizer o nome da minha parada, o que me fez levantar rapidamente e caminhar até a porta do ônibus até perceber que o ônibus nem tinha saído do lugar ainda.
A tradução literal era mais ou menos "sair fora do ar", mas a legenda que foi passada pro português era "sonhar acordado".
Não se gabe (rs) por isso, eu tenho essa mania de "sonhar acordada". Mas não chego a descer do ônibus na parada anterior. Tudo há seu tempo.
Nossa, nem comecei a falar sobre o filme.
O Sean diz que se ele faz uma fotometria perfeita pessoalmente, a olho nu, ele não clica, apenas fica ali observando, pois não gosta que a câmera o atrapalhe. Porém ele não sabe o que é viver na mente do Mitty e ativar o botão da vida paralela junto com o botão da câmera. E cada foto ter uma história. E cada história ter um tempo. E cada tempo ter uma vida. E cada vida ter uma foto.
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