AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

Abriu


Há algum tempo eu já sabia que não importaria onde eu fosse, nem o que eu fizesse, algumas coisas eu não esqueceria. Era óbvio que eu lembraria de muito mais coisas que a maioria das pessoas, eu sempre fui assim. Na verdade isso é horrível porque tem algumas pessoas que simplesmente esquecem. Bom, eu não sou uma delas.
Sou boa com lembranças e ótima com datas. As imagens que me confundem, apesar de tudo, existiram de fato. Beijos, carinhos, abraços também. Não é só disso que eu lembro, mas parece que minha teoria faz muito sentido. Todos esses anos de análises e estudos me levaram a uma questão surpreendente. Todo o ódio que você é capaz de sentir por uma pessoa é equivalente ao tempo que você passou com ela. Se você está na fila do supermercado por 20 minutos e a pessoa da frente te irrita por algum motivo, o ódio vai durar exatos 20 minutos. Essa é uma fórmula quase tão exata quanto a do dinheiro versus felicidade. Da mesma forma que se você conhece uma pessoa por 5 anos e de repente você sente que a odiará para sempre isso é passageiro na verdade. O ódio durará por 5 anos. O que na verdade é muito injusto, porque ao invés de você ser mais compreensivo com alguém que está há mais tempo na sua vida, você é mais crítico, cria uma expectativa sobrenatural que pode acabar com uma amizade. E quando eu digo equivalente, não estou dizendo proporcionalmente. Quem é intenso no amor, intenso no ódio será.  Proporcionalmente.
Então se você está com uma pessoa há 10 anos, ou ama alguém, ou tem uma amizade que parece duradoura, apenas tente não criar expectativas, porque se elas não forem atingidas o culpado será você. Sempre.
E depois do ódio o que vem são as lembranças, isentas de sentimentos, apenas lembranças dotadas de nostalgia. Foi assim com a velhinha da fila do supermercado hoje.
Lógico que, de novo, esse texto não fazia parte dessa introdução. Mas de fato, há coisas que eu nunca vou esquecer.

0 comentários:

Postar um comentário