AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

Sem ser sincera, só para ter métrica.


Quero dormir, mas se os meus olhos fecham, viagens, cenas, visões... Ah não,  não foi na noite passada. Mas elas me fazem ter reações. Tic tac, o tempo vai passando e a gente aqui sentado no banquinho conversando (nossa, isso foi péssimo, vamos falar sobre rap de verdade).
Uma vez quando eu era pequena meu pai, que vive um lema, disse: não tema, você sabe distinguir, você sabe por onde seguir. Se quiser, você pode duvidar, porque nada na vida foi feito pra acreditar.
E eu achava que já sabia tudo, que de todo esse absurdo o que eu podia aproveitar era somente por estudo. E ele não falava só de Deus, ele queria que eu fosse um dos seus, que nós fôssemos céticos, espertos, além de ateus.
E foi assim que eu segui, amei, sofri, sorri e cresci. Virei freira da igreja dos novos dilemas. E ele me falou de tudo o que não crê, mas esqueceu de me falar do que eu não via na tv. Sobre a dor eu aprendi de forma modesta, não foi num domingo nem numa festa. Eu estava feliz e segura como alguém que acredita na cura. Não de Deus, do amor. Mas a vida é dura. E o deus do amor, o qual não fui apresentada, me mostrou de forma amarga a ruptura. Acreditei no diabo então, que ele é quem comanda o amor, mas é bonito, veja por favor: foi ele quem me provou sem Deus que a verdade, de verdade, não é absoluta. E eu pensava que havia acabado a luta. Meu coração que estava em paz, havia deixado a vida para trás, mas então apareceu um rapaz. E trouxe confusão, disse que eu tinha razão, que eu era diferente, que não era crente, que é feia a religião. Achei graça, como pode nossa raça com tanta desgraça, se reunir na praça e fazer ameaça a quem diz que a vida é de graça? Sim, a vida é de graça. E tem gente que paga pra viver. Depois de morrer. Só quis dizer, deixar claro, que não me amparo. Deus é caro. Mas claro, acho graça. Porque conheci a graça. Sem máscara. E o medo de perder também. O que não convém. Acho graça. Do medo e da ameaça. Tente se manter no trilho. Mas quando se aponta uma arma para alguém é bom estar pronto para puxar o gatilho. E sem máscara eu vejo. Com os olhos marejados, mas sem um coração despedaçado. Casto. Cristão. Mas não acredito em Deus. Não estamos sãos.

1 comentários:

Anônimo disse...

Foda-se a métrica. Sejamos francos, sentimentos são mais relevantes que belas construções.

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