AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

Lágrimas de Guinho


Digo-te meu amigo Guinho:

Podes perder a fé em Deus,
mas não na força da lágrima,
que desmancha um sorriso alegre
e também alegra a marca do sorriso
que as vezes é pouco pra expressar
o que estamos sentindo.

Pode até ser que a lágrima
passe de rosto em rosto
por um caso falso ou de desgosto.
Mas de vez em quando ela vem do céu
e nos trás de volta a fé.
Foi isso que me aconteceu
enquanto tomavas café.

Eu passei por aquele tapete azul
e ao cruzar com a porta da cozinha
vi uma nuvem da mesma cor do tapete
que anunciava que alguém lá em cima
tava pra por pra fora aquela de quem tanto temes:
a lágrima.

As gotas que escorreram na minha face
não soavam despedida.
Nem o fim de uma vida,
nem o abandono ou o silêncio.
Eram lágrimas de lembranças felizes,
de vidas que as vezes se encontram
para fazer barulho e lembrar que ninguém será abandonado.

Aí eu percebi que as lágrimas daquele dia,
que passaram de rosto em rosto,
eram na verdade a chuva de alguém que estava alegre.
E pra quem não entender,
a lágrima, meu caro, também é ÁGUA.



*quer Adri água?

Para o Messias


É. Você tem razão. Obrigada por me fazer lembrar. (Transmimento de pensassão – você acaba de me mandar um e-mail – vou continuar o raciocínio e ler depois) Eu precisava que alguém me fizesse lembrar isso. Eu precisava lembrar que esse negócio quente que invade o corpo não necessariamente se chama amor. E é por isso que eu preciso de mais tempo, não é? Por favor, me diga que sim. Não posso saber se amo em tão pouco tempo. Eu sei que existe algo novo que é muito forte. E eu sei que existe um sentimento que eu carrego dentro de mim há muito tempo, que não é o sangue correndo mais quente pelo meu corpo. Aliás, a única manifestação da sua existência é uma sensação de que tem um buraco dentro de mim. E é pra isso que servem meus braços, pra abraçarem meus joelhos e tentar me esconder dentro desse buraco.
Quando eu deito não durmo mais. Eu fiquei por uns dias tendo uns pesadelos horríveis e acordava gritando. Mas agora que não tenho mais onde gastar minhas energias eu já posso não dormir e com cem anos de experiência eu agora consigo finalmente ficar acordada, como estou há dias, e assim sonhar. Com árvores, campinas e riscos. A última vez que dormi eu tinha bebido vinho, estava exausta e parecia que o buraco estava cicatrizando.

Não me sinto idiota em me colocar numa situação de risco novamente só pra ver o Superman vir me salvar. E não é que eu viva uma ficção, mas isso já está ficando mais surreal que todas as outras vezes em que me vi envolvida com vampiros e lobisomens. A única coisa que me faz rir agora é que há umas horas eu tive uma visão do futuro e o lobisomem estava mais bonito que o vampiro. Eu sei que eu não preciso escolher agora, mas em 2013 eu serei mordida e me transformarei. Essa visão não foi minha.

Eu preciso ser sincera comigo. Mas não preciso ser sincera com todos.

E ok, vou tentar colocar o contador,

Ass: The Blogger Personal

Abra a Felicidade.


Ao menos uma tarde. Não me senti sozinha hoje.
Foi como uma noite de garotas no shopping.
E isso é o resultado de uma cool sister, um pouco de criatividade e muito tempo livre.

Amizade Sincera 3 - Jacob


Por: Jacob
 
Ele nunca fez questão de se destacar em nada. Ele queria ser bom em muitas coisas, mas pensava não ser! E aceitava conivente toda falta de talento que acreditara.
Ele era inteligente e sabia muito bem disso, mas por falta de auto-estima não colocava determinação em nada que fazia, deixava a falta de coragem lhe convencer de que era um preguiçoso. Deixou muitas coisas inacabadas, e pensava que somente ele no mundo fazia isso. E quando não manifestava nenhum pingo de remorso pensava que essa era sua essência.
Ele não se achava bonito e por isso vivia com má postura. Carregava todo peso das angustias como aqueles que sofrem pelo destino inevitável, tudo em cima dos seus ombros que julgava fracos. Andava curvado e via as pessoas de baixo para cima, mas não em manifesto de respeito, era para lançar com mais verdade seu olhar de rancor e raiva, pois se achava muito pior do que aqueles a quem ele olhava, e odiava isso.
Odiava seu emprego, todos eles, mas acima de tudo odiava seus patrões. Odiava também suas faltas de ideais e odiava o fato de se odiar. Tinha poucos amigos e parecia que queria afastar os que restavam.
Olhava para o passado e não achava do que se orgulhar, o mesmo acontecia para o presente e o futuro.
Até que conheceu ela. Conhece pouco ainda, mas já conhece o suficiente para amar. Amar e temer que ela também o veja assim. A postura dele não mudou, mas já não leva o peso das angústias consigo e nem ao menos sabe onde as deixou. Ele ainda não tem auto-estima, mas exibe agora um sorriso que nunca achou que pudera ser capaz de exibir um dia, um sorriso que é capaz de trazer os amigos de volta.
Ele pensa que ainda não se destaca em nada, mas agora sente vontade de se destacar, pretende suportar o emprego e desejar bom dia aos patrões (parte cortada do texto original).
Ela ainda não sabe como ele é nos esportes, mas em outras coisas ela o acha demais.
Ele diz que ela é a melhor coisa que já aconteceu em sua vida, agora e só agora, ele finalmente tem vida.
Cada palavra, cada silêncio, cada toque, cada sentimento. Ele ama tudo nela. E ela ama tudo nele. E ele sabe que ela viu alguma coisa nele, então se revê no espelho e pensa, ela não é perfeita, deve ser míope. E ela afirma que não e que tem certeza que tem muito bom gosto agora.

O amor é algo físico.


Você já amou?
Tem certeza?
Não tô falando de amor de mãe, de pai, de irmãos, de amigos...
É um amor diferente.
Tô falando daquele amor que move a arte dos poetas. Aquele do qual surgem as canções mais cantadas pelo mundo a fora...
Se você não tiver certeza, certamente não amou.
O amor sempre é descrito de maneiras tão discretas e singelas que é difícil realmente ter certeza, até senti-lo.
Eu digo isso porque um dia desses eu estava voltando do meu paraíso particular quando me deparei com alguma coisa se movendo dentro de mim.
Aquela viagem costumeira e demorada começou igual a todas as outras, com algumas músicas tocando e eu cantando loucamente estrada a fora. A diferença inicial era apenas a falta de voz, que aconteceu graças às caminhadas no sereno quente das madrugadas anteriores.
De repente aquelas lembranças claras e escuras começaram a tomar forma outra vez, como quando aquele cantor antigo que eu tanto gosto narrava pelo rádio a sua história de amor: "Te dei meus olhos pra tomares conta, agora conta como hei de partir".
E aquelas palavras entraram pelos meus ouvidos em forma de alguma coisa que parecia sangue. Esquentou a minha cabeça e percorreu todo o meu corpo até se juntar a todo o resto e então começar a fazer parte de mim. Esse sentimento me trouxe outro e mais outro e mais outro. De repente eu não conseguia mais cantar, não pela falta de voz causada pelo sereno, mas a minha respiração era ofegante como se eu tivesse corrido quilômetros para chegar até onde eu cheguei. E ainda assim o meu cansaço era de prazer por ter chego.
Se isso não é amor o que mais pode ser?
O amor habita teu interior, tenho certeza, e não é somente algo químico. Deve ser algum tipo de vírus, porque de repente teu rosto fica quente e o resto do corpo sua frio, treme até. E as pessoas vivem colocando a mão na tua testa pra concluir que estás febriu. Você sabe disso, mas discorda sobre qualquer tipo de doença, porque sentes que nunca esteves tão saudável. Se fosses num médico que jamais amou ele te mandaria para vários outros, até chegar em um que te mandaria de volta pra casa a não perder tempo e aproveitar o amor.
Só ainda não descobri a forma de contágio. Deve ter a ver com perfume. Não, com música. Ou seria com as árvores, com a chuva, com o sol? Isso é impossível saber. Só tenho uma certeza: aposto que o amor é algo físico, porque ele se move dentro de mim.

Eu Te Amo


Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás se fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir


Eu tentei qualquer coisa que pudesse definir, então você me trouxe a definição.

O último suspiro.


A morte é pacífica. Fácil. A vida é mais difícil. Mas para cada dia de esforço você perde um dia de diversão é ganha dois.

Vida, aqui vou eu.

Foi um acidente.


Era uma família. A mãe, o pai e duas filhas. O pai estudava e fazia qualquer coisa sobre o seu mundo, as filhas também estudavam, riam, e faziam muitas coisas sobre seus mundos. A mãe? Às vezes assistia ao Big Brother na tevê da sala. Monotonamente a vida passava, cada dia curto e diferente dizia um pouco sobre essa junção de mentes brinlhantes.

O que esta família faz: a filha vai à escola pela manhã, a mãe faz almoço, limpa a casa, lava a roupa, limpa os vidros, passa pano no chão e nos móveis, estende as roupas, recolhe as roupas e uma porção de coisas mais, e ao meio dia a mãe busca a filha ao mesmo tempo que leva o pai ao trabalho. a outra filha dorme.

Um começo de março chuvoso quando a filha foi à escola. A mãe já havia feito as compras no dia anterior, ainda bem. A mãe decide comprar pão antes do almoço, ela vai até o carro e tira a sua agenda e outras coisas bobas do banco do passageiro. o pai não gosta de coisas no seu banco. A mãe, com os pensamentos no almoço, nos pães e em todas as outras coisas do mundo (exceto na porta do carro) abre a porta de trás do carro e larga suas coisas bobas. Volta ao banco do motorista, feicha a sua porta e tira o carro. Sim, vocês esqueceram de um detalhe e não esqueçam, detalhes são importantes. A garagem é cercada por pilares firmes de concreto. A mãe não percebe o que pode estar trancando o carro. Ele não desce a rampa. O que seria? E sim, o detalhe foi a porta de trás. Ela não a fechou. Foi bonito. Uma porta amassada com vidros em pedacinhos e a faxineira tentando dizer que tentou avisar, sempre tentando. A mãe? Ela não chora. Mas o pai não foi trabalhar. Ela levou tranqüila o carro na oficina perto, mas o moço disse: "sinhóra, vo amarrá as porta pra tu consiguí chegá até na Ford, do otro lado da cidádi". E a mãe não chora. Ela levou o carro.

No caminho um caminhão passou por ela e buzinou. Grande. Ela acenou tentando dizer que estava tudo certo. Outro caminhão, um carro, outro carro. Não sei como aconteceu. O cara avisou que a porta estava aberta e ela disse que a porta não fecha, foi um acidente. A mulher riu. O homem riu. A mãe riu.

A gosto.


Nhá... (a melhor forma de começar)
Eu achei que hoje seria um daqueles dias vazios em que a inspiração não aponta dentro de mim. Eu achei que dessa vez meu blog iria ficar sem uma atualização a altura do que se passa dentro de mim.
E até seria, com certeza. Mas quando cheguei em casa há 15 minutos eu abri as minhas correspondências e encontrei uma coisa que já não espera mais receber.
Era pra ser uma surpresa, e foi. E apesar de não ter sido visualizada (eu acho), existiu sim uma grande manifestação de felicidade.

Esta carta não é como todas as outras que eu recebo com frequência. Não tem uma conta pra pagar, não tem canetinhas coloridas, nem um "eu te amo" e nem uma bandeija de Yacult. Mas ainda assim usa palavras palavras reconhecidas por mim, é também multi-colorida (tanto quanto janelas de casas do interior), especialmente romântica e principalmente doce (mas desse doce eu posso desfrutar).

Queria comentar sobre as coisas íntimas e até subjetivas que eu encontrei dentro dela... Falar sobre o viaduto, o hip-hop. Nãoeram as coisas mais bonitas do mundo e de repente se transformaram em uma árvore e em rock n'roll (ou seria em bossa nova?).

Dessa vez toda a minha subjetividade não é proviniente de mim apenas e nem ao menos é tão subjetiva assim. Eu queria descrever cada sentimento diferente que se passou dentro de mim enquanto eu lia frase a frase. Realmente alguma coisa mudou desde aquele dia, mas não estou cansada e nem brincando, algo mudou pra melhor. E aquele sorriso leve (que agora já não é tão leve) continua a invadir minha face.

Obs¹: Sim. Eu acho ridículo.
Obs²: Rs, mais uma transmissão de pensamento.
Obs³: Adorei o selo.

Considerações


1.Finalmente eu consegui ser menos subjetiva.
2.Mas ainda estou tentando ser menos intensa.
3.Quando te sentires abandonado, desliga o computador e vai dormir! Boa noite.

Amizade Sincera 2 - Miopia Regressiva


Há tempos venho recebendo e-mails do professor D. onde as letras garrafais formam a frase: “JORNALISTA É UM NARRADOR DE HISTÓRIAS”

Pois bem, narrarei uma.

“Ele detestava olhares debochados sobre as suas sandálias. Ele detestava o som dos zumbidos da geladeira durante a madrugada, igualmente detestava o som do giz arranhando o quadro negro da escola. Ele detestava ter que sentar perto do professor na classe devido a sua grave miopia. Ele detestava tudo na escola. Em geral, A. era uma criança normal, ou não.
Seus cabelos loiros escorridos por cima dos óculos fundos e redondos presos ao nariz o faziam parecer mais novo. Estatura baixa para a idade e muito... mas muito magro.
Freneticamente mexia o nariz. Sua dificuldade em enxergar as letras das legendas dos filmes o obrigava a assistir aos filmes com dublagem. Isso ele também odiava. Odiava gravar em sua mente as vozes assustadas gritando coisas que ele entendia. Sua mente perambulando entre filmes de horror que acabara de ver o fizera ficar acordado por semanas.

Tirando as noites e a escola, tudo era minuciosamente controlado.
Podia decidir, por exemplo, se naquele dia preferia que seu pai o achasse inteligente: logo que acordava soltava tiros de conclusões fascinantes. De repente sua inteligência passava a sê-lo. Seu pai sorria para sua mãe como se comentasse: “como poderíamos estar sorrindo agora, não fosse a inteligência-genética...”
Mas para sua mãe, ele preferia ser o menino carinhoso. Sentava-se perto dela e a beijava. Sem que pudesse se dar conta os olhos da senhora Z. já estavam cheios de amor. Tudo estava cheio de amor.

Na sua adolescência A. se perguntava se o que fazia era justo. Aproveitar-se do seu dom de trocar de personalidade insessantemente. Alguns dias o pobre menino tentou não fazê-lo, mas percebia que tudo a sua volta (tirando a escola e os filmes de horror) podiam ser controlados por ele. Era inevitável.

Uma vez começou a calcular sobre sua prima mais nova, P. Em uma semana iria visitá-la. Pensou em que roupa ela vestiria, em que fariam juntos, em que fariam quando não houvesse nada a fazer. Decidiu ir ao banheiro toda vez que isso ocorresse. Mudou de idéia no minuto seguinte. Não queria ser lembrado como o primo-que-gostou-do-banheiro.
Logo mudou o pensamento para que tipo de primo gostaria de ser lembrado pela prima. Primo-inteligente? Primo-carinhoso? Pensou nas hipóteses de primo-palhaço, ou primo-sem-graça.

Pensou tanto que esqueceu no que tinha pensado.

Fazia quase um ano que não a vira. Como pôde crescer tanto? Todos os seus pré-resumos de como seria seu dia viraram água e escorreram pelo primeiro ralo que apareceu.
Em pouco mais de meia-hora percebeu que P. não se enchia de sorrisos quando ele fazia comentários inteligentes, nem se enchia de amor quando lhe tratava com certo carinho.

No meio do quintal lá estava a pedra. Ele correra para fora da casa para calcular que tipo de menino seria dessa vez. Mas antes que pudesse cruzar todo o quintal tropeçou na pequena pedra presa às gramas verdes e tombou com os joelhos e as mãos no chão.
Antes que pudesse encontrar seus óculos ouviu uma risadinha irritante e profunda e virou-se para ver P.
Dessa vez, além do sorriso, o coração de P se enchera de amor e apesar da falta das lentes A. pode enxergar com exatidão as covinhas do rosto rosado da prima se contraírem a incansáveis - e meigos - sorrisos.

A. passou a não mais ser o menino-alguma-coisa e agora tirava os óculos toda vez que preferisse enxergar melhor."

Amizade Sincera - My Dog


Pela primeira vez eu escrevi antes o título. Antes mesmo de pensar sobre o que decorrer ante a minha vontade de escrever sobre aquela pessoa. Tínhamos simplesmente uma amizade sincera. E nao há muito tempo, nos amamos no meu penúltimo ano de escola. Bem, nos conhemos uns anos antes, mas diferentemente de outras amizades, começamos a nos amar bem depois disso. Nao como as outras amigas que se conhecem por acaso e por acaso também acabam se amando, por serem novatas em algum lugar, ou por precisarem de novos amigos. Eu não precisava de novos amigos. Também não era novata no prédio onde eu morava há onze anos. Num dia quente de dezembro combinamos de nos aventurar pelas escadas do corredor na mais próxima magrugada. Desde entao nos tornamos amigas. Por um tempo passeamos pelas ruas com nenhum intuito, apenas por estarmos juntas. Riamos, chorávamos e principalmente tentavamos organizar os pensamentos que atordoavam a sua mente. Esse era o nosso maior passatempo, lamentar os problemas dela e finalmente rir e agradecer por termos uma a outra. E entao eu me sentia a mãe e ela a filha. Ninguém entendia porque eu queria alguém tão problemático, mas eu simplesmente era. Nao queria. Apenas era. Até o momento em que ela encontrou outro alguém para amar. Nao da maneira como me amava, mas de qualquer outra maneira que nao se pode explicar. Ela ficou forte, como sempre foi e como apenas eu sabia que pudera. E a gente já nao tinha mais um propósito, mas necessitávamos de todo modo estarmos juntas. Queríamos não ser como antes, mas queríamos ser como antes. Começamos a procurar uma a outra, mas nossa ligações eram mudas e nosso instinto jovem ficava inquieto dentro de nossa sincera amizade. Descobri então o que era a amizade eterna, já não tinhamos nada em comum, já não tinhamos pensamento iguais.

Depois de um acaso pensado eu decidi que tiraria férias. Do serviço, da faculdade, do namorado e da minha amiga. Tirei férias para a casa de meus pais. E depois de uma manhã de inverno eu me despedi com um abraço. Sabíamos que não íamos mais nos ver, se não por acaso. Mais que isso, não queríamos nos ver. Mas ainda tinhamos uma amizade. Uma amizade sincera.

Erre


No rádio o nosso remédio
Ruas repletas de rimas
Rios rentes ao raciocínio
Ruim, russo, rápido
Ressalvo o ressentimento
Que como rádio
Rasga a regra
Relaxa
Relembra
Reúne
A raiva e o relógio
O respeito e a religião
O raro rascunho raso da reflexão
Uma reverência ao relacionamento
Duas à revolução
Recita
Reconhece
Reclama
Das respostas que ruem sem rastro
Sobem à rampa da razão
Mas não resistem ao relâmpago da respiração
E de repente registram sem registro um reparo.

Duas redes restam
Serão razoáveis
Para uma reminiscência
Ao relicário que retratará
Restos e reticências
Resumirão a responsabilidade
De um risco na rocha
Que revelará muito mais
Que um rosto rosado
Mas uma rubrica de romance romano.

Foi um risco
Mas resolveu registrar numa revista
Um rock rouco
Que falava da ruela, da rocha, do riacho.
Rezou baixo até remitir-se ao roubo do retrato
Não foi resto
Um relevante reflexo da raça e do real
Até reagir
Reafirmar
Reacender
A recém resolução radical de reparar o rabisco
E repartir outra vez o refúgio
Não mais a represa.
O controle remoto resgatou jovens e um refrigerante
Mas este rapaz
Depois de mil peripécias
Recupera seu rock com o resto de rum.

Subjetividade. Minha prisão pessoal.


Numa outra metade, falar do presente foi fácil. Não havia dor nem regresso, apesar do passado. E desse (passado)... É difícil falar.
Não sei sobre os sentimentos do passado, tudo o que me leva ao futuro são apenas as lembranças de uma loucura.
O passado, afinal, já passou. Como saberia dos sentimentos que tive enquanto vivi-lo?
Sei apenas do que sinto ao tentar sentir o passado. Sinto um cheiro forte de canela misturado ao perfume.
Sinto também a fumaça. Não como antes. Não obstante às vezes que sentir a fumaça deixa turva minha visão. Como enxergar no escuro. Será a fumaça? Ou o escuro?
Enxergar apenas um mínimo feixe de luz que deixa tudo mais escuro. E não enxergar o que deixa tudo mais claro. São as flores da estação. O defeito de o pobre ser humano achar que enxerga com os olhos, quando as mãos estão se comunicando no escuro.
E então passou a outra metade, e finalmente o futuro.
Algumas semanas?
Alguém passou e parou. Olhou. Esse foi o erro. Se passou eu não sei. Certamente deixou um pouco de si e levou um pouco de mim.
Resta a dúvida até o primeiro dia do futuro. E enfim, tudo volta onde começou.

O dia de começar a viver.


Acho que este dia chegou. O dia em que as estrelas se apagariam, afinal é dia. Acho que onde a gente vivia não existia dia e quando eu abri minhas asas voei para "Far, far, away...".
Antes de chegar o dia não deu tempo de eu me apaixonar ou ser sequestrada, de eu amar ou ser amada, de eu beijar ou ser beijada. Antes de chegar o dia, (não que eu tivesse dormido) tudo não passou de um sonho. Foi um sonho. Não foi de verão. Não foi de Natal. Foi quase uma vida inteira - exceto por não existir o dia - de um sonho de viver verdadeiramente o meu eu.

O que eu seria se eu fosse verdadeiramente o meu eu? Verdadeiramente o meu eu não viveria de sonhos, portanto sonhar não foi essencialmente o que eu planejei. Verdadeiramente o meu eu faria tudo, até mesmo o que eu nem poderia escrever. Tão puramente quanto no sonho antes de chegar o dia que não foi de verão. Talvez fosse de inverno. Um sonho de inverno.

Será que eu poderia viver verdadeiramente o meu eu? Isto significaria não sonhar. Viver puramente. Significaria viver em pleno a dor do mundo. E viver felicidade sem igual. Acho que eu poderia, porque neste momento me peguei sorrindo ao sentir verdadeiramente o meu eu.

Escolha: a espada ou a escada?


E...
Entre o espelho ela encontra um edifício, uma escolta...
E efetivamente a economiza de embaraços, de embriaguez, de emboscadas.
E, porém, no exato encontro com a emoção de entrar no espelho e encontrar a eldorado esgota-se o efêmero (que ela esperava ser eterno) eclipse entre Edward e Estrela.
E ela então se engatilha na emergência de esquecê-lo. Esperar é estupidez. Estréia seus esmaltes esmeralda e sua elegância com empenho. Expõe sua energia. Espera um elogio.
E então se espanta com o estrago: entende que ele não eclodiu nem se envolveu por um embebedamento, mas sim, embarcou pelo eixo que ela mesma emana. Entendeu que uma enchente emprega suas emoções e encharca de êxtase seu edredom. Entendeu que, em seu estúdio, ele embala suas escalas e estrofes. Entendeu o equilibrio e especialmente o efeito.
E eternizou o esquecido encontro na esquina com o elo. O elo entre seus espectros.
E só então entendeu que o empate, meu caro, não estabelece o efêmero, mas sim, engrandece o espírito e estimula o égide.
Enfim, encadernou seus escritos e com eloquência esqueceu o que escondeu entre as espirais.

Ps: Eu só Entendi Enquanto Estive Escrevendo.

Mentes Insanas


É você que guarda meu sono,
Conhece meus sonhos,
Descansa meus anceios,
Alivia meus pesadelos.
As vezes te abraço e te beijo,
Outras vezes te abraço e choro.
Já falei pra minha mãe que te adoro.
Encosto em você,
Sinto-te macio,
Dá-me um prazer
Quando te acaricio.
Quando estou cansada
Não quero sair do teu lado,
Não te divido com ninguém
E no sofá te quero também.
Gosto tanto de ti,
Mas às vezes prefiro com os dois
E quando me deito
Não quero deixar pra depois.
As vezes me arrependo
Por você não ter sido o primeiro,
É por isso que todas as noites te levo pra cama
Meu querido travesseiro.

Meu querido travesseiro
Não seja tão ciumento
Mesmo que daqui pra frente
Não seja você que eu acalente.
Se seu amor é sincero
O meu também o é
Não por você, certamente
Mas por alguém que me faz contente.
Sei que você me entende
E não ficará tão tristinho
Porque é o nome dele
Que sussurro baixinho.

Ps: Isso não é um tiro.


Menos explicita, só que mais direta.

Eu queria encher esse post de raiva. Queria sentí-la intensa dentro de mim e que ela tomasse meu corpo daquela maneira que eu já não pudesse me controlar em dizer coisas que depois, eu sei, eu iria me arrepender. Isso porque existem pessoas baixas, principalmente aquelas que te conquistam fácil e depois te apunhálam pelas costas com coisas que não fazem sentido algum. Será que todas elas são de escorpião?

Felizmente nosso crescimento depende mais do que fizemos pelos outros do que das coisas que fazem pela gente. Eu gosto da minha felicidade individual e não vou chorar lágrimas de sal do mar, se for pra chorar vou chorar as minhas próprias lágrimas cheias de individualismo, egoísmo e hostilidade, mas ainda assim, as minhas lágrimas.

Andam dizendo por aí que eu sou boazinha demais, mas não sou, as pessoas é que fingem ser boazinhas demais comigo e vão entrando sem pedir licensa. Ta bom, ela até pediu licensa e eu cedi. Mas não esperava um final tão trágico, que ela fosse baixa também e julgasse as coisas com base no nada. Assim foi melhor, eu sei que a raiva e o ódio não substituem o amor, afinal quem é intenso no amor, intenso no ódio será. Mas não foi exatamente o ódio que invadiu meu corpo, foi apenas a verdade se concretizando no lado que eu não conhecia do meu amor. E então eu descobri que o amor não era amor, ou a pessoa amada já não existe mais. Morreu. Com uma cápsula vazia e um pouco de chumbo no cérebro. Mas o tiro foi disparado por quem? Não, essa não é mais a questão, a questão é que quem renasceu dessas cinzas não possue asas, graças a Deus.

E por falar em Deus, rs, obrigada! Todas essas formas que Você tem exercido para me tocar foram de uma beleza sem precedentes. Eu jamais havia avistado peixes tão belos, de uma quantidade somente inferior aos beijos que serão dados. Eu jamais havia escutado uma baleia (macho, só os machos cantam) ecoar poemas e orquestras tão significativas. Eu jamais havia sentido o vento bater nas árvores e trazer as suas folhas até os meus cabelos de forma tão encantadora a ponto de emanar consigo um perfume de tão longe.

Eu não estou triste, de forma nenhuma, e é por isso que a raiva que seria necessária para encher esse post não deu o ar da sua graça.



Eu tentei ser menos subjetiva e explendorosa na parte em que o amor me toca. This is impossible.

Árvores - com A.


"Montes, rios, ervas, árvores, terra - Tudo é manifestação da vida de Deus." - Frase do dia 07 do calendário da Seicho-No-Ie de 2009.
Da divindade das árvores, da qual convictamente eu posso falar: Entre outros atributos as árvores possuem raízes, troncos e ramos.

Sobre os troncos e ramos eu decorrerei superficialmente.

Os troncos são para a árvore aquilo que a família é para a gente. Eles sustentam as árvores em pé, são o habitat natural para bilhares de espécies e são o caminho entre as raízes e os ramos.

Os ramos são os amigos verdadeiros da árvore. São eles que seguram e apresentam suas flores e frutos, deles depende a beleza das árvores, mas principalmente são eles que assegurarão a sua sombra. E a sombra que os ramos fizerem para a árvore serão também a sombra para o tronco e para a raíz.

Raizes: a sua principal função é simplesmente poética. Impedir que a árvore caia. É por isso que as árvores são tão resistentes. Um vendaval é capaz de derrubá-la, mas as raízes a manterão viva. E se as coisas da natureza tivessem signos certamente as árvores seriam de Sagitário.
A segunda função das raízes é retirar os nutrientes e águas do solo. Isso me faz rir. Me disseram uma vez que às árvores não precisam de ninguém para sobreviver. Será que é verdade? Ou as raízes na verdade já são um outro álguém?
E enfim, a terceira e a mais divertida função: depensa da árvore. Durante o inverno elas armazenam os açúcares que foram produzidos pelas plantas ao longo dos meses de verão.

Se desintegramos a árvore cada uma dessas partes ainda terão suas serventias. Mas nem a sombra, nem a sustentação do homem, nem a beleza do verão resguardada por todo o inverno existirá. A beleza da árvore não mais existirá.

Enquanto isso não acontecer eu desejaria ser uma raíz.

Moulin Rouge - o meu moinho vermelho.


"Eu queria ter me filmado agora para eu poder ver mais tarde. Fiquei com um sorriso leve no rosto por um tempão, mas tô com um aperto no coração."

Hoje o dia foi repleto desse tipo de sentimento, e quando aquelas lembranças hostis e fantasiosas davam o ar de sua graça eu quase não percebia que estava sorrindo leve, como alguém que ama. De repente eu lembrava que assim como Satine eu não poderia amar.
Christian então apareceu a noite com aquela frase que eu deveria, mas não conseguia ignorar:  "O mais importante que se pode aprender na vida é amar. E em troca, amado ser." E como se fossem poucas as minhas dúvidas, mais uma agora me atormentava: "Se isso não é amor, o que mais pode ser?" Eu realmente não sabia, tentei ignorar tudo, realidade e fantasia, mas ainda sem pensamentos existia algo que não se pode ignorar. Sentimento. É um moinho grande que gira, gira, gira, e quando eu olho pela janela que muda de cor eu o vejo. Mesmo que eu já esteja enjoada de moinhos, parece que agora eu voltei a gostar de vê-lo girar.

Minha inspiração é falha, inversamente proporcional a de um poeta. E quanto mais eu gosto, mais me faltam palavras.

Eu sei o que escreveste no blog passado


Há, uma saudadezinha do passado me fez percorrer a memória até lembrar como era o nome daquele espaço que eu criei para me descrever antigamente.
Não é tão simples assim, digitar no Google e achar o meu primeiro blog. Ainda bem. Meu passado me condena.
Não é exatamente uma traição, mas injevo um pouco a pessoa que eu fui, meio tiete, extrema e estritamente apaixonada. Mas de tudo o que eu mais gosto ao lê-lo é perceber que me tornei quase tudo o que desejei num passado até distante. É por isso que decidi hoje continuar desejando algumas coisas. Desejo portanto três coisas hoje. Ser uma fotógrafa bastante qualificada, ser uma concursada do Tribunal Regional Eleitoral e principalmente desejo uma árvore. E talvez daqui a uns anos eu releia isso e a minha subjetividade ainda consistente no meu mundo hostil represente alguma coisa, igual ou diferentemente do que eu imaginei agora.
Mas no passado eu ainda desejei uma árvore, que me trouxesse sombra para o calor em que eu vivia. E agora eu percebi que eu fugi do calor e ele me encontrou novamente. Mais uma vez quero esclarecer que não é que eu odeie o calor exatamente, mas ele me cansa extremamente e aí eu já não tenho mais vontade de fazer nada.

Preciso urgentemente de uma árvore!

O início


Começar é difícil. Especialmente num dia 04. Mais ainda quando o último fim está tão presente.
Existiram muitas histórias já, mas essa em especial eu quero dividir.
Há três anos atrás eu não estava sozinha. Eu vivia com aquele calor intenso sobre mim que eu não sabia ao certo de onde vinha, mas apesar da falta de ar eu gostava. Tinha o sol apenas, não havia vento, nem sombra, nem árvores. Minhas roupas eram quentes também e e não queria mudá-las, eu não deixaria meus tênis velhos.
Havia muito rock. E mais nada.
Não posso dizer que vivi muitas aventuras, nem ao menos que era o inferno, apesar do calor. Era um céu quente, desejável, invejável até.
E esse capítulo deveria ser o maior, porque ainda que sem aventuras existiram muitas histórias. Talvez por ser o passado, ainda que recente, eu não queira lembrar. Ou talvez porque ainda me faz bem. Ou talvez porque ainda me faz mal. As únicas coisas que eu quero lembrar são: ato, rock e balinhas no sorvete. Essas valeram a pena.
Ato. Era tudo muito intenso, e eu que não sabia como iria acabar não aproveitei intensamente. Não me arrependo, mas certamente seria diferente. Não era tão normal.
Rock. Disso eu aproveitei tudo. O metal, o telefone vermelho, as coisas mais rebeldes e divertidas. Não era tão normal.
Balinhas no sorvete. Isso na verdade não me pertenceu. Virou uma lembrança apenas e isso era bem normal.

Esse é o fim. Eu vou, a partir de agora, escrever a MINHA história.