AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

O dia de começar a viver.


Acho que este dia chegou. O dia em que as estrelas se apagariam, afinal é dia. Acho que onde a gente vivia não existia dia e quando eu abri minhas asas voei para "Far, far, away...".
Antes de chegar o dia não deu tempo de eu me apaixonar ou ser sequestrada, de eu amar ou ser amada, de eu beijar ou ser beijada. Antes de chegar o dia, (não que eu tivesse dormido) tudo não passou de um sonho. Foi um sonho. Não foi de verão. Não foi de Natal. Foi quase uma vida inteira - exceto por não existir o dia - de um sonho de viver verdadeiramente o meu eu.

O que eu seria se eu fosse verdadeiramente o meu eu? Verdadeiramente o meu eu não viveria de sonhos, portanto sonhar não foi essencialmente o que eu planejei. Verdadeiramente o meu eu faria tudo, até mesmo o que eu nem poderia escrever. Tão puramente quanto no sonho antes de chegar o dia que não foi de verão. Talvez fosse de inverno. Um sonho de inverno.

Será que eu poderia viver verdadeiramente o meu eu? Isto significaria não sonhar. Viver puramente. Significaria viver em pleno a dor do mundo. E viver felicidade sem igual. Acho que eu poderia, porque neste momento me peguei sorrindo ao sentir verdadeiramente o meu eu.

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