AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

Subjetividade. Minha prisão pessoal.


Numa outra metade, falar do presente foi fácil. Não havia dor nem regresso, apesar do passado. E desse (passado)... É difícil falar.
Não sei sobre os sentimentos do passado, tudo o que me leva ao futuro são apenas as lembranças de uma loucura.
O passado, afinal, já passou. Como saberia dos sentimentos que tive enquanto vivi-lo?
Sei apenas do que sinto ao tentar sentir o passado. Sinto um cheiro forte de canela misturado ao perfume.
Sinto também a fumaça. Não como antes. Não obstante às vezes que sentir a fumaça deixa turva minha visão. Como enxergar no escuro. Será a fumaça? Ou o escuro?
Enxergar apenas um mínimo feixe de luz que deixa tudo mais escuro. E não enxergar o que deixa tudo mais claro. São as flores da estação. O defeito de o pobre ser humano achar que enxerga com os olhos, quando as mãos estão se comunicando no escuro.
E então passou a outra metade, e finalmente o futuro.
Algumas semanas?
Alguém passou e parou. Olhou. Esse foi o erro. Se passou eu não sei. Certamente deixou um pouco de si e levou um pouco de mim.
Resta a dúvida até o primeiro dia do futuro. E enfim, tudo volta onde começou.

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