AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

O amor é algo físico.


Você já amou?
Tem certeza?
Não tô falando de amor de mãe, de pai, de irmãos, de amigos...
É um amor diferente.
Tô falando daquele amor que move a arte dos poetas. Aquele do qual surgem as canções mais cantadas pelo mundo a fora...
Se você não tiver certeza, certamente não amou.
O amor sempre é descrito de maneiras tão discretas e singelas que é difícil realmente ter certeza, até senti-lo.
Eu digo isso porque um dia desses eu estava voltando do meu paraíso particular quando me deparei com alguma coisa se movendo dentro de mim.
Aquela viagem costumeira e demorada começou igual a todas as outras, com algumas músicas tocando e eu cantando loucamente estrada a fora. A diferença inicial era apenas a falta de voz, que aconteceu graças às caminhadas no sereno quente das madrugadas anteriores.
De repente aquelas lembranças claras e escuras começaram a tomar forma outra vez, como quando aquele cantor antigo que eu tanto gosto narrava pelo rádio a sua história de amor: "Te dei meus olhos pra tomares conta, agora conta como hei de partir".
E aquelas palavras entraram pelos meus ouvidos em forma de alguma coisa que parecia sangue. Esquentou a minha cabeça e percorreu todo o meu corpo até se juntar a todo o resto e então começar a fazer parte de mim. Esse sentimento me trouxe outro e mais outro e mais outro. De repente eu não conseguia mais cantar, não pela falta de voz causada pelo sereno, mas a minha respiração era ofegante como se eu tivesse corrido quilômetros para chegar até onde eu cheguei. E ainda assim o meu cansaço era de prazer por ter chego.
Se isso não é amor o que mais pode ser?
O amor habita teu interior, tenho certeza, e não é somente algo químico. Deve ser algum tipo de vírus, porque de repente teu rosto fica quente e o resto do corpo sua frio, treme até. E as pessoas vivem colocando a mão na tua testa pra concluir que estás febriu. Você sabe disso, mas discorda sobre qualquer tipo de doença, porque sentes que nunca esteves tão saudável. Se fosses num médico que jamais amou ele te mandaria para vários outros, até chegar em um que te mandaria de volta pra casa a não perder tempo e aproveitar o amor.
Só ainda não descobri a forma de contágio. Deve ter a ver com perfume. Não, com música. Ou seria com as árvores, com a chuva, com o sol? Isso é impossível saber. Só tenho uma certeza: aposto que o amor é algo físico, porque ele se move dentro de mim.

4 comentários:

Anônimo disse...

Químico, físico, quântico, matemático, filosófico... O que é o amor?! Não sei o que é, simplesmente é.

Fotógrafa disse...

é.

Messias Fernandes disse...

.
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adOOrei o cabeçalho "sobre o visco de apiúna".

simplesmente d +. parabéns.

sobre o amor??

:Ele É aquilo, É aquele, É ali e É acolá.
aquela coisa do início, de se ver todos os dias, aquilo que queima a alma?
é simplesmente a paixão.

O Amor é muito além disso, ele é a situação de companheirismo, admiração, respeito e proteção que perdura o tempo que for entre duas pessoas. é o que fica após a paixão. e é isso que vai com você pelo resto da vida.

bjs. parabéns mais uma vez.

Anônimo disse...

ahhh... você é tão sábia nas suas palavras... deu até vontade de sentir isso outra vez...

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