AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

Foi um acidente.


Era uma família. A mãe, o pai e duas filhas. O pai estudava e fazia qualquer coisa sobre o seu mundo, as filhas também estudavam, riam, e faziam muitas coisas sobre seus mundos. A mãe? Às vezes assistia ao Big Brother na tevê da sala. Monotonamente a vida passava, cada dia curto e diferente dizia um pouco sobre essa junção de mentes brinlhantes.

O que esta família faz: a filha vai à escola pela manhã, a mãe faz almoço, limpa a casa, lava a roupa, limpa os vidros, passa pano no chão e nos móveis, estende as roupas, recolhe as roupas e uma porção de coisas mais, e ao meio dia a mãe busca a filha ao mesmo tempo que leva o pai ao trabalho. a outra filha dorme.

Um começo de março chuvoso quando a filha foi à escola. A mãe já havia feito as compras no dia anterior, ainda bem. A mãe decide comprar pão antes do almoço, ela vai até o carro e tira a sua agenda e outras coisas bobas do banco do passageiro. o pai não gosta de coisas no seu banco. A mãe, com os pensamentos no almoço, nos pães e em todas as outras coisas do mundo (exceto na porta do carro) abre a porta de trás do carro e larga suas coisas bobas. Volta ao banco do motorista, feicha a sua porta e tira o carro. Sim, vocês esqueceram de um detalhe e não esqueçam, detalhes são importantes. A garagem é cercada por pilares firmes de concreto. A mãe não percebe o que pode estar trancando o carro. Ele não desce a rampa. O que seria? E sim, o detalhe foi a porta de trás. Ela não a fechou. Foi bonito. Uma porta amassada com vidros em pedacinhos e a faxineira tentando dizer que tentou avisar, sempre tentando. A mãe? Ela não chora. Mas o pai não foi trabalhar. Ela levou tranqüila o carro na oficina perto, mas o moço disse: "sinhóra, vo amarrá as porta pra tu consiguí chegá até na Ford, do otro lado da cidádi". E a mãe não chora. Ela levou o carro.

No caminho um caminhão passou por ela e buzinou. Grande. Ela acenou tentando dizer que estava tudo certo. Outro caminhão, um carro, outro carro. Não sei como aconteceu. O cara avisou que a porta estava aberta e ela disse que a porta não fecha, foi um acidente. A mulher riu. O homem riu. A mãe riu.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tua mãe que fez isso?! rss..

Wandinha Adams disse...

Foi .-.

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