AdriCaramelo

Sob o visco de Apiúna

Foi uma mudança muito drástrica. O calor intenso que eu amava virou inferno, e quando eu achei que o frio pudesse se tornar o céu eu conheci Apiúna. Eu ainda não sei que árvore era aquela, se era um visco por estar perto do Natal, ou se era uma árvore maior com flores amarelas que enxeram meus cabelos de folhas secas, mas quando eu acordei eu sacodi a minha cabeça para afástá-las e de repente eu estava feliz. Não é exatamente o céu, mas é bem melhor do que estar sozinha.

Floripa


No final de janeiro marcamos a nossa primeira vez. Escondemos a camisinha e a champanhe embaixo da cama e fomos pra praia. Mas antes de voltar pra casa passamos na farmácia e compramos pós sol. Fizemos bem. Só quando me deitei percebi que eu havia pegado sol pelo verão inteiro numa única tarde.

Nuvem


A vida não pode ser um conta-gotas na tua mão, uma chuva que não chove, um sol que não sai.
A vida não pode ser medida com precisão, motor que não se move, nuvem que não se vai.
Diga adeus, ou não diga nada.

Nós


Há quem seja preso por um laço. Um laço é feito de um presente. Um laço é escolhido a cor. Um laço é feito. Um laço é perdido tempo, é para decorar, é dedicado. Um laço é um caso pensado.
Nós somos um nó.

Noite


Novamente.

Noto que a noite é negligente. Não noticia um número no relógio, não negocia minha necessidade de ficar nela. Nele. A nação não nota, naturalmente, e noite após noite não chega outra notícia. Em novembro nenhum nervosismo, nem na noiva, nem nas núpcias. Nem nele. Nesta noite novamente eu nua, numa naturalidade de nausear, negocio com a noite.
-Noite, note minhas nádegas, não note o número no relógio. Ninguém namora, ninguém adianta planos nessa hora. Nem ele. Não sou a ninfa, sou a nociva, não nascida no Norte. Eu causo náusea nessa noite e noutro novembro causarei nostalgia. Como ele. Nobre, neutro, nada. Nada é o que somos nós. Necessito negociar, nadar para o norte, navegar sem nexo. Nós. Ó noite, eu que sou nômade sem nome, note-me. Só nessa noite, não me dê boa noite. Vamos nadar nele numa noite nublada. Navegar sobre as nuvens, a neblina e a névoa, pois esta sou eu, neblina e névoa. Não me nocauteie nessa hora, pois o nosso número ainda não chegou. Seja Noel. Não note o nó. Nós. N.

Palavras são só palavras


Eu que sempre falo mais do que deveria, quando escuto você falar sobre adiantar os planos sinto por não ter falado o que eu queria.

Poliana


Não lembro quanto beck foi necessário. Eu só tinha 14 anos deitada no meio da sala onde deveria estar a mesa de centro. Nos beijamos e eu já sabia antes que você estava afim. Era proibido, por isso eu também estava afim. Eu já havia estado naquela sala antes, mas essa situação, entre pernas e suspiros era mais do que nova, era como eu jamais havia imaginado. Agosto sempre foi um mês ruim e um ano depois você foi embora. Disse que precisava de um tempo pra acertar as coisas e a verdade é que nunca mais as coisas ficaram acertadas.

Preciso confessar


Quando foi que tudo começou a ser sobre você? Eu estou explodindo em mim mesma.

Eletricidade


Uma métrica perfeita e um sentimento me consumindo. Obrigada por ter vindo.

Aiai


Teu cheiro e teu olhar, só de lembrar pra me desconcertar.

Caro


Pode ser que sim, pode ser que não. Pode ser que você esteja planejando um fim doloroso com a intenção de ser lembrado. Pode ser que você consiga.
No início eu ficava horas esperando um sinal. Ok, pareciam horas. Segundos que pareciam horas. E pode ser que você pense que isso tenha mudado. Pode ser que um dia mude.
Pode ser que você pense que precisa se esforçar pra me atingir. Pode ser que um dia eu não seja tão egocêntrica. Pode ser que eu esqueça o gosto do seu café. Pode ser que eu descubra que tudo foi tão da boca pra fora. Pode ser que eu acredite. Pode ser que eu não tenha motivos pra escrever. Pode ser que não exista uma caixa azul.
Pode ser que você não perceba.
Pode ser que você não vá. Pode ser que eu não volte. Pode ser que eu fale como se não fosse um esforço. Pode ser que eu pareça leviana. Pode ser que eu não me importe.

Boa noite Cinderela


Eu sempre fui leve como uma pena. Todas as vezes que eu cai foi uma queda demorada. Eu flutuo pelo espaço lentamente absorvendo a queda. E talvez pelo pouco peso o impacto não seja tão dolorido. Doloroso é passar o tempo caindo. E então eu tenho dificuldade pra dormir com esse cobertor leve como lençol. Pode ser que durante a noite eu saia voando por aí como uma pena sem um peso para me segurar no lugar. E se eu voar será sem a minha permissão, eu voarei pela janela ou pela porta com medo de não saber voltar. Mas agora ele colocou as pernas sobre o meu corpo. Boa noite.

Infinito


Quantas vezes você passa pela minha cabeça em um só dia.

Finalidade


O enjoo me aparece como forma de protesto. Enquanto minha mente se esforça para se calar, meu olhar se esforça para não ver e minha boca se esforça pra não falar, pra não cuspir, pra não amar.

Cansei


Faz muito tempo que eu não ficava tão cansada a essa hora. Eu poderia escrever coisas subjetivas por horas sobre esse buraco no estômago. Talvez seja fome. Mas vou dormir porque estou muito cansada.

Chato isso.


Não aguento mais sonhar com o senhor.

Como eu


Como ninguém jamais te amou. Como ninguém jamais.

Encontro casual


Sonhei que eu estava no Alaska.

Você apareceu aqui casualmente e depois de conhecidas conversas enterrou o rosto no meu pescoço e disse: fica comigo.
Você parecia ter perdido sua intrínseca força. Eu perdi meu chão, por isso passo o dia flutuando.

penso em ti


Cai a noite, penso em ti. Lua cheia, penso em ti. Eu me perco nos meus sonhos, penso em ti. Amanhece, penso em ti. Cai o sol, penso em ti. Outro dia sem teus beijos, penso em ti. Eu acordo, não posso ser feliz, só te quero, tão doce para mim.

Perdidamente


...

Sem planejar. Sem pestanejar.


Quando eu disse "mais tarde" não foi literalmente.

Eu não sei parar de te olhar


Ninguém reparou na lua. A vida sempre continua.

Água e Fogo


Eu acho que você quer me ajudar, dessa sua maneira de ver, tão diferente. Mas nesse momento eu acho que isso vai me machucar. Por isso vou terminar isso da minha maneira, só não sei por onde começar.

Eu já estou no jogo e vou em frente, afinal esse mal não vai durar para sempre.
Até mais tarde.


Azul


Precisava apenas me concentrar, mas facilmente o perfume me distraiu.

Lua crescente


Hoje é um dia tão solitário, parece uma premonição para o dia que vem a seguir. Esse ano foi tão diferente até agora. Minha amiga de sempre não é como antes, ontem foi um dia de admitirmos isso. Mas não é só isso.
Já faz cinco anos que eu deixei meu inferno particular. Aqui está mais frio, como sempre. De qualquer forma faz um tempo que eu desisti de aquecer. Em casa eu tenho um sol, deve ser por isso que só aqui eu me sinto em casa. Não há nada que me faça ter dúvidas da minha escolha nesse momento, meu sol. Antes de dormir eu jamais vou deixar de pensar no seu calor. Mas a verdade é que quem me trouxe esperança foi uma baixinha.
Eu chorava o tempo todo, naqueles velhos corredores dos prédios. O tempo todo, acreditando que jamais passaria. Escondia-me não por vergonha ou por não querer preocupar, mas porque eu não conseguiria explicar. Ela apareceu e me devolveu a esperança de que podia existir mais alguém nesse mundo frio. Mesmo que ainda não fosse ela e eu tenha me precipitado, eu acabei esquecendo. E o que era eterno se tornou momentâneo, esporádico, até de tornar passado.
Outra, de certa forma, eu sinto que troquei de lugar. Não me esforcei, não me dediquei, apenas fui eu mesma, mandona, deprimida e presente. E de alguma forma funcionou. Sinto uma amizade crescendo a cada dia, sem exageros e dramas, apenas algo ficando forte e maduro. E mesmo que ainda não seja ela, talvez eu esteja um pouco esperançosa.
E a lua. E o que mais dizer? Eu que já disse tudo e nada. Esse ano foi tão diferente até agora. Um inferno astral que talvez tenha trazido coisas de grande valor. Saberei um dia. Porque me prometo ausentar, não ser boba de achar que só o que é bom é verdade. Afinal, palavras são palavras. O que vale aqui é a métrica e não o sentimento. Mas falo o tempo todo, sem conseguir me esconder e ouço pouco. Sei pouco. Ou nada. Porque são palavras.
Mas Carol, só você. Eu estava aqui pensando antes de começar, como estou sozinha. Como me importo com algumas poucas pessoas e mesmo assim sou pequena diante delas. Mas eu dei play em CQ e lembrei que antes de tudo você estava aqui, e depois de tudo você estará. Preciso de abraços de alguns dias e olhos e narizes molhados, mas aqui nem chorar eu posso. Quero apenas ser um pouco idiota com você e deixar de me preocupar, porque tenho saudades de ser eu.
E escurece e a lua aparece. Não consigo ficar sem falar dela. Aos poucos fica na cara. “Melhor amiga”. Palavras. Hoje é um dia tão solitário.

Não o bastante


Eu não vou dormir pra não acordar e depois descobrir que tudo eu sonhei. Aconteça o que acontecer, estarei aqui sempre por você. Já não faz sentido, já não me lembro se há caminho sem desespero.

O que eu digo


Além de tudo gostaria de ter um tempo pra me explicar. Pra me explicitar. Contar como cada título surgiu de uma ideia incrível e como algumas palavras estão sendo representadas por outras. De qualquer forma eu acredito na ótima capacidade de interpretação e imaginação, seria até engraçado um dia ouvir teorias sobre as minhas próprias palavras. Que as vezes não são só isso.

O que você me diz?


Fico pouco tempo sem pensar. Penso muito o tempo todo, como seria, como eu queria, como eu teria. E como não tenho eu penso. Penso em quando eu pude ter e quando eu poderei de novo. Quando sentarei na parada e ficarei parada. E ao me mover seja pra fazer a coisa certa. Ou a errada.
Penso que eu sou um alvo, que eu não sou nada, ou pior, que eu sou igual a todo mundo. Penso tanto que penso que penso pouco. Porque se eu pensasse um pouco saberia que é assim com todas. Eu sei que sim porque me diz. Porque diz pra todas. E assim passa o tempo dizendo coisas que não são o que gostaria de dizer. Mas eu gostaria de saber.

Sonho que se sonha só


Por favor, pare de me enviar imagens por telepatia. Precido dormir.

Sentimentos são mais importantes


As vezes não sei o que dizer, então apenas torço para que a ligação seja forte o suficiente para que leia meus pensamentos.

Sorrio


Como é bom te encontrar sem esperar. Tanto na vida real quanto nos meus sonhos.

Dormir mais cedo


Se você me irrita eu sinto raiva. E com raiva eu me seguro. E sinto desejo. E raiva por isso. E meus sonhos. Boa noite.

Livro


Quero me entregar a um homem, à cidade, à vida e finalmente à morte. (Veronika)

Desencontros


Não sei se as vezes vocês se pegam conversando sobre o que aconteceu entre a menina e o menino, mas a Veronika sempre chega um minuto mais tarde ou você sai um minuto mais cedo. Boa noite.

Suave


Desejo suas mãos nas minhas.

Um pouco distante


Passei um tempo vazia de palavras, pensamentos e sonhos. Esses dias não existiram e não passaram. Não como quando envelheci dez anos em um mês. Dessa vez alguns sentiram minha falta e eu não senti nada. Mas aos poucos minha energia foi voltando e o primeiro sintoma foi voltar a sonhar. Primeiro dormindo. Janelas, suspiros, frio, calor, cheiro forte (provavelmente da tinta que estou usando pra pintar a mesa). Algumas partes do corpo aparecem, não como um filme, mas como fotografias explícitas que só o fotógrafo sabe sobre o que é.
E de repente eu estava acordada. Não querendo levantar e tentando lembrar, depois tentando melhorar e enfim, tentando sentir. E é fácil. Muito. Minha memória é boa. Lembro do canto dos olhos, lembro das janelas, lembro do cheiro. Só não do gosto.
Mas o dever me chama e eu volto a distante realidade. Um pouco distante. Um pouco perto.

Inesperadamente


Parece que hoje deu tudo certo. Sem esforço.
Mas continua sendo dia quatro.

Tanto


Eu voltei pra minha sina, contei pra uma menina, meu medo só termina estando ali. Ela é suave assim, sabe quase tudo de mim, ela sabe onde eu queria estar enfim. É tanto, é tanto, se ao menos você soubesse... Te quero tanto.

2:20


Odeio tanto que acho que amo.

Não lembro


Era vinho ou água
Era tudo ou nada
Tinha namorada
Eu já nem lembro
Sentamos na escada
Baixamos a guarda
Não dissemos nada
Eu já nem lembro
Nós demos risada
Da tua piada
Mas que mancada
Eu já não lembro
Numa madrugada
Andamos na estrada
Estava gelada
Eu já não lembro
Na noite passada
Caiu geada
Mas depois de casada
Eu não lembro
E na cama arrumada
Já estou deitada
Mas da noite sonhada
Não, eu não lembro.

Game


Quando eu cheguei era o mesmo personagem de sempre. Conforme o tempo corria alguma coisa foi mudando. Parecia tristeza, que é difícil se ver naqueles olhos. No caminho sobraram apenas restos, as piadas forçadas de sempre, mas sem a necessidade de sorrir. Ao chegar na espera não havia nada, só a nudez triste e estrelas incapazes de me fitar.

Temporal


Amor é paz e você é um furacão. Passando por dentro de mim em quase todos os segundos. E quando não passa eu me pergunto por onde andavas, longe dos meus olhos. E quando não passa eu me pergunto por onde andei, durante esses segundos que passei sem pensar. Continuo tola. Mais uma. Ou menos. Pensando antes e depois de fechar os olhos.
Noite. Que hoje não pude.

Dê um rolê


Não se assuste pessoa, se eu lhe disser que a vida é boa. Enquanto eles se batem, dê um rolê e você vai ouvir apenas quem já dizia: eu não tenho nada antes de você (ser), eu sou amor da cabeça aos pés. E só tô beijando o rosto de quem dá valor, pra quem vale mais o gosto do que cem mil réis. Eu sou amor da cabeça aos pés.

Navegando


Neste momento não sei se as lágrimas são de dor, se são de tristeza, de cansaço ou se só estou muito brava. As velhas dores nas costas, constantes me lembram que eu estou cansada de verdade. Corri um pouco, mas é o mesmo cansaço de sempre, tão grande que eu não posso dormir. Já a tristeza as vezes é menor. Hoje está doendo. Esmagando forte meu peito com as mãos de um gigante. E nem estou mais tão brava pelas palavras que eu menti que não lembro. Mas o nó na garganta está quase me fazendo chorar. Não sei o que seria de mim sem ele. Eu estaria sozinha sem força, mas principalmente sem coragem. Qualquer coisa poderia me afundar. Me afogar. Não são coisas das quais eu gosto de lembrar ou de falar, morrerei sem dizer. Como uma doença que morre comigo. Morreremos juntos, afinal.
Amanhã será difícil acordar de novo, mas agora não consigo dormir.

Um dia difícil


Quando eu estava mesmo abatida tudo o que eu queira era ficar na minha cama. Talvez um pouco seja por conta dos remédios, dores e um pouco mais de desânimo que o normal. Então eu recebi uma mensagem pedindo para que eu me levantasse primeiro, e esse foi o meu primeiro passo de hoje. Eu não preciso fazer muito esforço para lembrar porque fiz a minha escolha de ser de um só. Hoje era para ser um dia difícil. Se não fosse por você meu amor, eu não teria levantado. Todos os dias quando você me acorda com um sorriso de bom dia e diz repetidas vezes que me ama, o quanto você me acha linda e cheirosa, o quanto você se sente especial por eu estar do seu lado, é como me deitar num rio de alívio. Eu ainda não tenho muita força para me levantar sozinha, mas eu seguro suas mãos e você é paciente comigo todas as manhãs. Com o tempo a dor vai diminuindo, eu subo nos teus pés e você me faz rir o tempo todo. É tão fácil assim. Se todas as dores pudessem ser tocadas com o teu amor, eu sei que não haveriam dores no mundo. Você é doce como uma noite quente com os amigos. Você é um rio de alívio, uma cama de aconchego, você é todo o calor que eu posso sentir no mundo. Eu sinto frio, mas é você deitar do meu lado, e se isso for pecado, tudo bem. Eu não sou boa o suficiente, mas eu sei que não preciso de mais nada além da sua cura. Não escrevo muito pra você porque te digo todo o tempo, mas você pra mim é o mundo.

Azul


Ah, essas palavras. Qual usar agora? Já esgotei meu repertório com alguém que nem se importa com ele. Será? Procurando palavras, não só eu. No caminho até aqui meu rosto estava quente, meu sangue fervendo. Mas se não foi não será. Será? Mas valeu a pena. Sempre vale.

Como começam


Senta aqui. Estou com dor de cabeça, vou fechar os olhos e me encostar. Você pode mexer nos meus cabelos? É uma das coisas que eu mais gosto. Me faz um carinho que eu deito no seu ombro de olhos fechados e aspiro. Suspiro. E acho que você percebeu e dá um sorrisinho. Eu levanto a cabeça para verificar e, não me olhe assim. É o fim. Como um bêbado que não é mais responsável por seus atos. São seus olhos. A luz de mil estrelas, são seus olhos.

Só palavras


Como é difícil achar as palavras. Mais difícil é falar uma língua que seja compreendida. Não como quando eu me entrego face a face, mas sinceramente, profundamente. Como se eu falasse: está chovendo. Mas quando eu falo que está chovendo pode significar que eu preciso de abrigo, ou apenas que estou na chuva. Para me molhar.
Faz tempo. Mas algum dias são maiores que outros. Se eu pudesse eu sairia daqui agora e andaria pela rua fria para poder me aquecer. Nem sei se valeria a pena.
Se as coisas acontecessem como nos meus frequentes sonhos valeria a pena. Eu iria encostar naquela parede gelada, e seria aquecida com tudo. Porque arriscar significa tudo ou nada. Mas não, a realidade é diferente. A realidade é medo e contrariedade. Na realidade a gente diz que está chovendo para dizer que estamos deitados em nossas camas secas e cobertas. A gente diz que quer um caminho quando, na realidade, queremos outro. Porque por mais modernos que sejamos, por mais livres que lutemos para ser e poder ser verdadeiros, há certas coisas que não abriremos mão. Como, por exemplo, do agora.
Como sempre eu releio e penso que tudo o que eu escrevo será lido com negatividade. Talvez tudo o que eu escreva não seja para alguém, é o que eu penso que pensaria. Então ser contrário significa falar de alguém quando se quer falar de outro. Andar pela rua fria para me aquecer significa chegar aí. O agora significa o sentimento, o valor de querer dizer e não poder.
Se eu saísse agora, alguém perceberia? Mas não sei se vale a pena.

Sem ser sincera, só para ter métrica.


Quero dormir, mas se os meus olhos fecham, viagens, cenas, visões... Ah não,  não foi na noite passada. Mas elas me fazem ter reações. Tic tac, o tempo vai passando e a gente aqui sentado no banquinho conversando (nossa, isso foi péssimo, vamos falar sobre rap de verdade).
Uma vez quando eu era pequena meu pai, que vive um lema, disse: não tema, você sabe distinguir, você sabe por onde seguir. Se quiser, você pode duvidar, porque nada na vida foi feito pra acreditar.
E eu achava que já sabia tudo, que de todo esse absurdo o que eu podia aproveitar era somente por estudo. E ele não falava só de Deus, ele queria que eu fosse um dos seus, que nós fôssemos céticos, espertos, além de ateus.
E foi assim que eu segui, amei, sofri, sorri e cresci. Virei freira da igreja dos novos dilemas. E ele me falou de tudo o que não crê, mas esqueceu de me falar do que eu não via na tv. Sobre a dor eu aprendi de forma modesta, não foi num domingo nem numa festa. Eu estava feliz e segura como alguém que acredita na cura. Não de Deus, do amor. Mas a vida é dura. E o deus do amor, o qual não fui apresentada, me mostrou de forma amarga a ruptura. Acreditei no diabo então, que ele é quem comanda o amor, mas é bonito, veja por favor: foi ele quem me provou sem Deus que a verdade, de verdade, não é absoluta. E eu pensava que havia acabado a luta. Meu coração que estava em paz, havia deixado a vida para trás, mas então apareceu um rapaz. E trouxe confusão, disse que eu tinha razão, que eu era diferente, que não era crente, que é feia a religião. Achei graça, como pode nossa raça com tanta desgraça, se reunir na praça e fazer ameaça a quem diz que a vida é de graça? Sim, a vida é de graça. E tem gente que paga pra viver. Depois de morrer. Só quis dizer, deixar claro, que não me amparo. Deus é caro. Mas claro, acho graça. Porque conheci a graça. Sem máscara. E o medo de perder também. O que não convém. Acho graça. Do medo e da ameaça. Tente se manter no trilho. Mas quando se aponta uma arma para alguém é bom estar pronto para puxar o gatilho. E sem máscara eu vejo. Com os olhos marejados, mas sem um coração despedaçado. Casto. Cristão. Mas não acredito em Deus. Não estamos sãos.

Amor e outras drogas


Com algumas pessoas não perdemos tempo. Não porque não amamos profundamente, intensamente e... Mas porque elas sempre estarão lá nos esperando. Perdemos mais tempo. Tempo mano velho.

Desespero


Se você responder a uma pergunta com uma outra parte da história não é mentira.

Noites


Todas as noites antes de dormir eu passo a língua nos meus lábios rachados e a sinto áspera, as vezes até com gosto de sangue dos lábios rachados de frio. Mas esse é só um sentimento e não um pensamento, então eu lembro que não quero vazio. Apago todas as cenas e começo a escrever o filme de novo. A luz que entra na janela combina com a música que toca só na minha cabeça, as vezes los hermanos, as vezes pear jam. Só na minha cabeça. Ouço também um sorriso sincero e um pouco tímido, mas isso não impede meus dedos de se entrelaçarem. Depois eu sinto a minha própria respiração e não sou mais responsável por meus atos. Então eu incluo bêbada aos meus sintomas. E depois tudo é só o amor.

Não se precipite


Gestos e olhares não são sempre suficientemente claros.

O tempo está no pensamento



Cindy,

Não é o prédio que está caindo. Eu preciso ir devagar e lembrar que escrevo para uma criança de onze anos, mas se eu for analisar você entende mais do que ninguém as coisas que eu escrevo. Que são difíceis de entender, talvez eu seja difícil de entender.

Eu pensei que depois de todos esses anos o prédio começou a desabar, com cada um indo embora, com cada parede se partindo. Mas não é o prédio que está caindo.

É, os anos passam logo, ligeiro. Ontem fizemos uma promessa, amanhã vamos cumpri-la. Em 2017 você terá quatorze anos. Será que as coisas terão mudado? Será que o prédio ainda estará lá?

Eu tenho visto que a vida é vermelha e azul. Como a cadeirinha velha de bebê. Às vezes tudo parece estar vermelho e então vem um anjo e diz que a vida é como o mar. Às vezes tudo está azul e o anjo não aparece. Então passados alguns anos sem te ver eu penso em desistir. Eis que hoje você vem falar comigo. Eu fico imaginando tudo o que está acontecendo a sua volta nesse momento, as coisas que te distraem, porque eu quero te conhecer, mas não te conheço mais.

Tedê, minha pequena, há coisas que você não pode entender, mas eu sei que você não vai esquecer e um dia saberá que meu incomum amor faz com que eu não consiga desistir. Que eu te dê asas para que você um dia queira voltar. Voltar ao nosso espaço sideral e ver a nossa amiga lua nos acompanhando em todos os lugares.

Os: Hoje eu vou deitar mais cedo que é pra ver se tem alguma estrela faltando e não vou cruzar os dedos que é pra ter certeza que eu não menti.



Essa é pra você:

Tem hora


Ah, minha criança, minha vingança é boba
Passei a vida te esperando, entende?
Quando eu te escondo o jogo
Quando eu te trato mal
É tudo medo, é tudo medo do amor

Que me entristece, que me enlouquece sempre
Mas é de verdade, é liberdade, esquece
Tudo na vida volta
Tudo na vida vai
Tá tudo em cima, tá tudo lindo agora
A gente junto, o mundo que vá embora
Com suas juras falsas
Com seus anúncios falsos

Tá tudo OK, tá tudo na boa agora
A gente chora, a gente ri, tem hora
Hora pra tudo, hora pra ir embora
Hora pra ir embora

Fique




Para de pensar. Preciso te fazer entender que é melhor se formos dois, a qualquer preço. Ninguém é só um, nem sozinho nem em conjunto. E qualquer outro medo de sonhar pra fora do enredo é acreditar nas coisas que não somos nós. As coisas que me diz, que devemos fazer diferente, que ninguém é da gente.
Pode vir comigo.
Não é que eu não tenha medo, mas não temo. Perder pode ser doloroso, mas ganhar é muito mais. Não estamos em cima do muro, estamos em cima do mundo, olhando de fora pra toda essa desgraça que é ser melhor. Não somos melhores, somos diferentes. Somos tão diferentes.

Coisas da Vida




Não é comum eu vir aqui essas horas. De dia eu quase não lembro que estou doente, exceto em dia de exame. Os médicos deveriam treinar a cara de espanto, é muito pesado e é constrangedor você se sentir tranquilo. Perdi as contas de quantos exames de sangue fiz esse ano, não estou nem um pouco assustada. Só vim mesmo escrever sobre desapego. Eu sempre me culpo por cativar as pessoas, talvez eu tenha dois motivos pra isso. Um é o Pequeno Príncipe que me disse ainda criança: Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. O segundo é uma música que aprendi na escola que diz assim: Cativar é amar, é também carregar um pouquinho da dor que alguém tem pra levar.
E eu carrego. É ótimo saber que as pessoas também sentem dor na verdade. Mas desde que alguém olhou pra mim e disse: você me cativou, por favor, não morra! Eu sinto que é minha culpa. Sociopata. Porque eu posso carregar a dor dos outros, mas sempre acho que ninguém merece carregar a minha. É como uma traição, por mais que eu ache que esteja errada não consigo deixar de querer teu abraço, teu olhar, tua presença. Por isso eu posso lidar com o frio quente da distância, mas não posso chegar perto demais e correr o risco de alguém chegar a sentir e se machucar.
Cada dia que passa a dor aumenta. Mas um dia eu terei filhos. Um dia eu terei motivos e terei a cura. Se eu tiver que cortar meus cabelos e outras coisas ainda assim eu serei completa. Eu serei menos possessiva, menos ciumenta e me preocuparei mais com meu futuro. Com a minha vida, que por sinal não vai ser mais longa por causa de um passeio de bici num domingo de sol. Nem com essas seis gotinhas por dia, eu acho. Tem dias que eu simplesmente não quero ir, não quero nem levantar. E tem dias que é tudo o que eu mais quero, mesmo. Mas e se eu me der ao luxo de não me importar e acontecer algo não tão inesperado? Alguns se acabarão porque eu sei, sou importante pra alguém. E outros que não sabem nada sobre mim vão se perguntar por que eu valeria a pena.
Acho que não consigo ser mais clara que isso. Quem é você, Alasca? 

Nem sempre


Nem sempre se tem uma meta
Nem sempre quem arruma conserta
Nem sempre vai pro ceu quem reza
Nem sempre o melhor caminho é o da seta

Nem sempre aniversario é festa
Nem sempre a ajuda vem da oferta
Nem sempre o professor acerta
Nem sempre tem que ser triste pra ser poeta

Nem sempre a luz esta acesa
Nem sempre se tem sobremesa
Nem sempre o choro é de tristeza
Nem sempre o chao é mais sujo que a mesa

Nem sempre é o sapato que aperta
Nem sempre  o melhor dia é sexta
Nem sempre o erro vem da pressa
Nem sempre o que mais importa é a beleza

Fim de tarde enluarada


Você já me viu sério, já me viu de porre, me viu fazendo drama por sua desordem. Mas triste, isso eu nunca quis que você visse. Os meus olhos sentem a falta dos seus. O meu corpo sente a falta do seu. A minha alma sente a sua falta.
Hoje eu vou escrever outras coisas também, mas preciso avisar isso antes. Eu ainda sei lidar, mas estou com medo de que logo seja tarde demais. Todos os sonhos que antes eu tinha acordada agora eu tenho dormindo também. Estão em um outro blog secreto. Isso é sinal de que não controlo, que além da minja vida paralela, além da minha imaginação, tem algo real.
Primeiro olhar e sorriso e sinceridade. E diferença. E não querer que seja vazio. Depois toque. A energia das mãos passam da realidade para a lembrança e da lembrança para o sonho. Eu não quero que seja vazio. Prefiro o nada. Eu tento o nada. Mas é tarde demais. E o final é aquela bela janela embaçada
É por esse motivo que chega ao fim. Mas vou esperar até amanhã, dia 4.
Só tenho que dormir de novo pra sonhar de novo.

-12 graus


É tão frio, tão frio, sem você. Tudo fica vazio, vazio, sem você. Me dê um beijo de boa noite e me diga que está tudo bem.

Com o que eu posso lidar


Percebi que esse ano eu tenho feito muito mais postagens do que de costume, mas elas também são mais vagas do que de costume. No começo eu tinha um problema grande pra enfrentar, mas agora, ainda doente e sentindo a falta do sol eu quase já consigo me sentir em casa. Na verdade se eu voltasse pra casa eu estaria mesmo perdida. Engraçado como normalmente as pessoas se sentem perdidas e de repente se encontram, com amigos, em um lugar... Eu que sempre tive a minha moradia me sinto cada vez mais perdida. Mas os problemas se foram. Eu acho que eu me preparei a vida inteira pra isso, eu posso lidar. Posso lidar com o vazio e o escuro, mas também com a amizade repentina que aparece em um olhar sorrindo ou no amor que eu não sei de onde vem. Amor sem motivos. Eu posso lidar com isso à distância, já escrevi sobre isso uma vez. Eu posso sentir tudo isso e escrever coisas que parecem sem sentido, desde que seja de longe. Porque de perto esse frio me dá medo. Esse frio quente. E é por isso que eu não tenho bebido. É por isso que eu fico um pouco quieta. Porque enquanto ninguém me entender eu posso continuar falando coisas sem sentido, posso falar na voz de outra pessoa, posso até fingir que não entendo, ou pior, fingir que eu entendi que foi uma indireta que me deixou voando por colinas em um dia de sol. Mas se alguém entender, seja lá quem for, acaba tudo. Acaba meu potencial em achar que tudo permanecerá igual, afinal. Consequentemente meus sonhos acordada escorrerão por meus dedos.
Monomania. Não vim falar sobre isso. As vezes meu cérebro me aborrece por não filtrar as palavras.  Eu vim falar sobre como as coisas mudam. Será que todo mundo sente assim? Como a vida muda e de uma hora pra outra você sai do filme 1 e vai pro filme 2. Ou sai de um ato pra ir pra outro. Comecei em uma peça de teatro chamada "2002 foi bom pra você?". Nem lembro o que aconteceu em 2002. Deve ter sido. Mesmo se não tivesse, a lembrança que eu tenho de uma passagem não é real. Ou é. Mas não posso dizer que um ano foi bom com base na lembrança de um fato. E eu tenho uma lembrança incrível de uma madrugada muito fria com amigos e um violão. Faz tanto tempo. Se eu julgasse apenas por essa lembrança eu podia jurar que foi um ano bom. Não é novidade que eu preciso de sol. Nem é novidade que eu odeio o frio. Mas as melhores lembranças são de madrugadas frias.
Mas o quão importante as pessoas foram? Mais do que as lembranças que ficaram? As coisas mudam realmente. É tão difícil deixá-las partir. É mais difícil saber se elas querem mesmo ser abandonadas ou se elas só fazem questão de não serem esquecidas. Porque se for isso, ninguém corre perigo. Eu não esqueço. Nem frio, nem fumaça, nem cheiro, nem olhar, nem céu. Até me dou ao luxo de continuar sonhando que um dia nos encontramos novamente, pois como diz a pequena, a vida é como o mar.
Eu te amo.

Não sei quando


Era uma vez um pequeno garoto que morava dentro de um ovo. Ele achava lindas todas as meninas que moraram lá.  Uma delas era engraçada e apesar de fria ela tinha um sorriso de verão. Ele sabia que nada mudaria entre eles. E talvez ela também gostasse dele, ele pensava. Então ele iria, não sabia quando, roubar seu coração.

Desconcertante


Tudo o que eu preciso fazer é me concentrar na leitura, no violão, na aula. É tão fácil me desconcentrar. E para cada luz que eu acendo mais no escuro eu fico.

Dentro


Estou perdida :x

Solidão


É muito esforço para uma pessoa tão pequena.
Só quero a presença no presente.
Não me ache tão carente, eu só quero presente.

É só um sonho que se sonha só.



D


Nunca achei ruim. Na verdade eu poderia ter nascido com outras deficiências bem piores. Mas hoje eu só queria não estar tão cansada.

Sonho


Ontem eu sonhei que eu estava deitada com os pés no lugar da cabeça. Minhas pernas estavam encolhidas para que a minha cabeca ficasse no meio da cama e de frente para o meu rosto havia outro rosto ao contrário. Como o homem aranha.
Nesse rosto havia um sorriso e nesse sorriso havia uma lembrança e nessa lembrança havia um sentimento.
A câmera que filmava o sonho não era aérea dessa vez. Mesmo assim não houve nenhum toque, só olhares, sorrisos e ares.

A noite


Em uma tarde de domingo a lua já estava visível. Então a noite chegou bonita e pequena e eu logo me encantei. Todas as luas e todas as estrelas brilham para ela e agem como se tivesse hipnotizadas. Eu nunca entendi, mas uma vez a noite me disse que não era a sua intenção me hipnotizar. Então eu achava que eu tinha o privilégio de andar pela noite e conhecer os becos e sentir a brisa sem me entorpecer com seus enganos. Eu achava que conheceria a noite como ninguém.
Hoje eu sei que ela é aberta, limpa e clara, para vê-la basta estar de olhos abertos. Eu não sou alguém especial, sou apenas mais uma estrela no céu limpo. Mas ela não quer me hipnotizar.

Nuvens


Quando eu comecei a escrever aqui já sabia que o sol me fazia falta. Eu pensei que fosse ficar doente logo, mas levou um certo tempo. De qualquer forma eu já estava preparada, quando os sintomas começaram a aparecer eu fingi que estava apaixonada, que morreria de desejo, que seria um conto de fadas. E como ainda não terminou (e eu não sei em que ato está) eu continuo sentindo a dor como o amor e o tremor como frio e o cansaço como sintoma de eu ter vivido demais. E não como uma doença grave que possivelmente me fará morrer antes de alguém que fuma 2 maços por dia. Eu não tive uma visão sobre mim, não consigo encontrar nenhuma bruxa com olhos de vidro nessa cidade tão grande. Então é melhor eu viver. E tocar. Porque amanhã pode ser tarde. Mas agora ainda é cedo.

Só por hoje


Talvez exista uma maneira de levar adiante o toque. Se não existir, eu ainda quero acreditar em mãos e abraços. Porque eu acredito que não exista maneira de voltar no tempo, não acredito no sentimento hoje, só acredito no desejo de um toque. Tempo mano velho, volte a correr macio.

Logo ali, depois da curva...


Depois de tanto tempo eu ainda preciso entender tudo o que aconteceu. Eu quis esquecer e fugir. E mudei. Desde que esse blog começou. Eu fiquei brava porque ninguém era capaz de se colocar no meu lugar pra saber como eu me sentia sozinha, mas a verdade é que eu não fui capaz de perceber como deixei as pessoas sozinhas. Foi uma briga ou outra, mas meus amigos não tiveram nada a ver com isso, eu estava desesperada, como o início mostra. Então tudo mudou. Eu só queria a paz da solidão, sem pessoas capazes de machucar. Tudo o que eu queria era exatamente o que eu não precisava. Despedi-me de ti com um abraço e só por duas ou três vezes voltei pra dizer o quanto te amo.
Quando eu percebi que havia envelhecido 10 anos ou mais, já era tarde. Eu queria de qualquer forma o brilho da velha amizade, mas ainda estou um pouco envelhecida. Aquele meu sorriso que foi roubado aparentemente não voltará, mas isso não significa que eu não queira sorrir de todo o meu coração.
Mas quem sabe o que é ter e perder alguém? Eu sou feita de cicatrizes, não deixei que isso acabasse comigo, não me sinto mais forte ou mais fraca, não penso e não sinto, mas não importa onde você vá nem o que você faça, algumas coisas você nunca esquecerá.
Resumindo, eu amo, eu confio, eu sinto falta, eu desejo. Preciso de ajuda. Desconsidero qualquer pessoa que diga o contrário, a nossa história será como a gente quiser. Serão dois caminhos que um dia se encontraram e viraram uma estrada que chegou a um quarto. Nada diferente do que sempre dissemos. Sempre.
Curitiba é uma cidade grande. Enquando eu procuro eu vou tropeçando e me perdendo...

água


Poucas coisas fazem meu sangue ferver.
Nada com essa frequência.


Lição de hoje


Se você deixa alguém no escuro você corre o risco de estar tão perto a ponto de ficar no escuro também.

Nem há tanto tempo.


Da vez primeira em que me assassinaram, perdi um jeito de sorrir que eu tinha. Depois, a cada vez que me mataram, foram levando qualquer coisa minha.

Condições


Quis nunca te ganhar
Tanto que forjei
Asas nos teus pés
Ondas pra levar
Deixo desvendar
Todos os mistérios
Sei, tanto te soltei
Que você me quis
Em todo lugar
Lia em cada olhar
Quanta intenção
Que eu vivia preso
Eu sei, é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim

Amigo imaginário


O problema da insônia é que você nunca está acordado nem dormindo.
Desconfio que eu esteja doente. Com certeza esses arrepios não são normais. Preciso fechar os olhos e perco totalmente a noção de espaço. Talvez um pouco a noção do tempo também. Parece um voodoo, alguém está me tocando de algum lugar. Deve ser câncer. Um tipo raro. Talvez as pessoas venham se despedir de mim quando souberem, afinal eu posso morrer a qualquer momento.
Então eu vou poder finalmente cortar meu cabelo bem curto, talvez eu os doe. Talvez doa.
Por enquanto ta bom assim.
O que aconteceu no começo? Tente se lembrar. Será que eu dormi? Por quanto tempo?
Quem disse que já estivemos acordados?

Caramba


Qual a distância que a energia estática pode alcançar?


Há motivos para eu escrever. Todos tem seus motivos. Parece que foi ontem que eu estava sentindo vontade de escrever uma música sobre isso. Peguei o violão e de repente aquilo me invadiu, uma sensação mal sucedida de alguma coisa que não aconteceu e poderia ter acontecido se não fosse o “mal tempo”. Não quis alimentar as improbabilidades e resolvi tocar uma música qualquer, mas todas falavam sobre isso.
Então eu parei e tentei não dizer nada, porque tudo poderia ser usado contra mim, desde filmes, mortes, peixes e luas até coisas mais pessoais e menos concretas. Mas meu terapeuta disse que eu tenho que aliviar o peso dos meus amigos imaginários, eles são tão dedicados que mal tem tempo para olhar para seus companheiros.

Todos nós parecemos com alguém, se deu certo com eles, poderia dar com a gente. E se antes eu perdia tempo olhando para o canto dos olhos, agora eu ganhei tempo olhando nas profundezas de luzes que eu não tinha reparado. Muito tempo. Não consigo mais disfarçar. Meu riso é como se eu tivesse uma camiseta escrita, parece uma grande bobagem mas é o que eu sinto. Nada fica preso em mim. Nunca tive medo, nunca deixei de dizer, mas é muito mais difícil quando não se sabe o motivo. Motivo de um choro engasgado se nem triste eu estou. Tenho sorte de não precisar ser direta, não preciso explicar e ao mesmo tempo não há como entender.

Talvez eu possa continuar nessa por um tempo. Deitar e sonhar acordada, imaginar minha alma saindo do corpo e sentir na pele.

Foco, força e fé. E faca. E foca. E faça.


Por favor, por favor, por favor. Controle eterno de uma mente sem lembranças.

A vida secreta de AdriCaramelo


Hoje eu seria totalmente fluida, possivelmente pouco subjetiva e como raramente, descritiva. Sobre música, batuques, arrepios, olhares e... Não, não vim falar sobre isso. Se não fosse pelo filme de hoje eu falaria sobre o tempo enfim, mas... Sim, é sobre o tempo na verdade que eu vim falar. Minha professora doida é tão contraditória sempre. E eu a entendo perfeitamente, o mundo é uma total contradição. O Bresson falou sobre olho, cabeça e coração, mas muito antes disso disseram que o órgão é o dedo. E no caso, o dedo é o tempo. É pouco provável que um dia uma foto minha seja capa de revista, mas minha mente funciona muito parecidamente com a do Mitty. É aquele lance do tempo da minha cabeça não ser o mesmo tempo do tempo. Outro dia eu estava no ônibus e quando cheguei no tubo anterior ao meu comecei a pensar em formas de olhos, tentei ver na minha frente dois olhos me fitando, ver a dobra discreta do canto dos olhos, ver a cor e ver por de trás dos olhos. Seus. De repente, depois de muitos minutos, o meu inconsciente ouviu a voz sensual dizer o nome da minha parada, o que me fez levantar rapidamente e caminhar até a porta do ônibus até perceber que o ônibus nem tinha saído do lugar ainda. A tradução literal era mais ou menos "sair fora do ar", mas a legenda que foi passada pro português era "sonhar acordado". Não se gabe (rs) por isso, eu tenho essa mania de "sonhar acordada". Mas não chego a descer do ônibus na parada anterior. Tudo há seu tempo. Nossa, nem comecei a falar sobre o filme. O Sean diz que se ele faz uma fotometria perfeita pessoalmente, a olho nu, ele não clica, apenas fica ali observando, pois não gosta que a câmera o atrapalhe. Porém ele não sabe o que é viver na mente do Mitty e ativar o botão da vida paralela junto com o botão da câmera. E cada foto ter uma história. E cada história ter um tempo. E cada tempo ter uma vida. E cada vida ter uma foto.

A atenção é toda minha e eu não posso nem olhar. Olhar.


Nas noites de frio é melhor nem nascer, nas de calor se escolhe: é matar ou morrer.
Eu escolhi a morte de novo. Com calor e dor. E um arrepio menos descritivel agora. Quem sabe uma noite seja de matar. Quem sabe o que é ter e não ter.

Azul e Vermelho


Tudo é colorível. Não desisto de quem desistiu e não me magoo. Sinto raiva somente se eu quiser, não diga que estou errada.

Mario Quintana


Quem disse que eu me mudei? Não importa que a tenham demolido, a gente continua morando na velha casa em que nasceu.

A primeira sobra da infância fotográfica - Júlia e André


PS: Os personagens principais tem nomes muito mais interessantes poeticamente, porém esta história pertence a eles e foi contada por eles e por este motivo não tenho direito autoral de revelar seu verdadeiros nomes.

O que vocês acharam dessas fotos?
Todos disseram que é perturbador, que é diferente de tudo o que já viram. Isso pode se dever a duas coisas:

1) Elas não viveram.
2) Elas não se lembram.

Depois de eu me cansar de falar sobre a minha memória fotográfica, hoje eu finalmente descobri que elas de fato podem ter acontecido.

Trecho retirado do caderno na aula de hoje:
Eu gostaria muito de ter sido adulta Eu gostaria de ter um adulto Eu gostaria de saber fotografar como hoje naquela época. Mas a técnica (a falta dela) não diminui a minha memória fotográfica.

O que vocês acharam dessas fotos? Sublime.

As Aventuras de Júlia e André e o significado dos seus sonhos

Abriu


Há algum tempo eu já sabia que não importaria onde eu fosse, nem o que eu fizesse, algumas coisas eu não esqueceria. Era óbvio que eu lembraria de muito mais coisas que a maioria das pessoas, eu sempre fui assim. Na verdade isso é horrível porque tem algumas pessoas que simplesmente esquecem. Bom, eu não sou uma delas.
Sou boa com lembranças e ótima com datas. As imagens que me confundem, apesar de tudo, existiram de fato. Beijos, carinhos, abraços também. Não é só disso que eu lembro, mas parece que minha teoria faz muito sentido. Todos esses anos de análises e estudos me levaram a uma questão surpreendente. Todo o ódio que você é capaz de sentir por uma pessoa é equivalente ao tempo que você passou com ela. Se você está na fila do supermercado por 20 minutos e a pessoa da frente te irrita por algum motivo, o ódio vai durar exatos 20 minutos. Essa é uma fórmula quase tão exata quanto a do dinheiro versus felicidade. Da mesma forma que se você conhece uma pessoa por 5 anos e de repente você sente que a odiará para sempre isso é passageiro na verdade. O ódio durará por 5 anos. O que na verdade é muito injusto, porque ao invés de você ser mais compreensivo com alguém que está há mais tempo na sua vida, você é mais crítico, cria uma expectativa sobrenatural que pode acabar com uma amizade. E quando eu digo equivalente, não estou dizendo proporcionalmente. Quem é intenso no amor, intenso no ódio será.  Proporcionalmente.
Então se você está com uma pessoa há 10 anos, ou ama alguém, ou tem uma amizade que parece duradoura, apenas tente não criar expectativas, porque se elas não forem atingidas o culpado será você. Sempre.
E depois do ódio o que vem são as lembranças, isentas de sentimentos, apenas lembranças dotadas de nostalgia. Foi assim com a velhinha da fila do supermercado hoje.
Lógico que, de novo, esse texto não fazia parte dessa introdução. Mas de fato, há coisas que eu nunca vou esquecer.

Seicho


Minhas obras não sou eu quem às realizo, mas Deus pai, que permeia os céus e a terra.
Não, to zuando, eu mesma que fiz. Prometi coisas que não vou cumprir, como tentar ter autocontrole.

Charles Bukowski


Sim, eu odiava ter que me levantar da cama de manhã. Significava que a vida ia recomeçar e depois de se passar a noite inteira a dormir cria-se uma espécie de intimidade especial que fica muito mais difícil de largar. Sempre fui solitário. Desculpe-me, creio que não regulo bem da cabeça, mas a verdade é que, se não fosse por uma ou outra fodidela, não me faria a mínima diferença se todas as pessoas do mundo morressem. Eu sei que não é uma atitude simpática. Mas ficaria todo refestelado aqui dentro do meu caracol. Afinal de contas, foram as pessoas que me tornaram infeliz.

Blá, blá, blá, blá.


Ah, porque esse sentimento chega assim tão de repente? Eu que já não consigo dormir agora sinto e sorrio e espero. Espero uma resposta o tempo todo. E evito uma resposta. Por quanto tempo eu consigo evitar? Apenas me invade assim de repente e eu não posso respirar. Não dá para controlar, não dá, não dá pra planejar.
Eu ia terminar os meus cinquenta tons, mas eles são meus e eu tenho o direito de terminar quando eu quiser. Já faz muito tempo que eu disse que eu não quero nada além disso? Porque eu quero. Quero ir até aí nesse outro mundo paralelo que eu não conheço e provar. Provar que tudo é uma grande surpresa.

Plano B


(Baseado em fatos reais - saca?)
Parece que eu já vi essa história antes. Já tive um amigo uma vez com o qual eu guardava todas as peraltices e loucuras num Baú. E é melhor eu não terminar frases assim, porque ele não é de Criciúma, mas aprendeu a rimar. Ele é de Umuarama, ou de Beltrão. Nunca entendi essa história direito. A verdade é que eu tenho mais facilidade em entender quando ele tá Bêbado. São ele me manda e-mail sobre a filosofia da vida, normalmente em um horário que eu não estou apta a pensar. Ele de maneira nenhuma respeita horários, se eu peço gentilmente pra que ele apareça somente entre às 12h e meia noite ele faz justamente o contrário, só pra mostrar que ele não obedece às leis. E não obedece mesmo. Onde já se viu me pedir ajuda pra conquistar a minha irmã? Ele é mesmo um Babaca.
Então não se preocupem, eu sei disso. Ele fuma e usa Bigode. Ninguém pode confiar em um cara de bigode. Lembram-se da Natalia Klein? Essa é máscara que ele usa, o cara de bigode. Quando na verdade ele está muito mais para Moriarty, controlador, seguro e achando tudo muito (muito mesmo) engraçado. Matando mocinhas e salvando vilões. Felizmente ele tem um inimigo. O tempo.
E não é que eu conheça bem. Eu conheço apenas as suas máscaras mantidas pela tela do celular/computador, mas ainda assim ele é um bom amigo. Ele gosta do meu noivo, da minha irmã, da minha mãe e do meu pai (Mesmo que com manteiga/natal. Deixa pra lá.). Ele gosta da Pitty também, do Juan não. E pelo menos agora ele sai pra fumar longe de mim.
Mas ele é Baixo. De tamanho também. Ele me convida pra sair, no convite tem a palavra “galera” e ele termina com “você conhece todo mundo”. Num Boteco. Lá está ele, o Barrichello e o dono do Bar. Um velho mal-humorado. A gente pergunta se aquilo é uma paçoca e o velho responde: pagando, é o que você quiser. Talvez dessa vez fosse porque ele estava bêbado, mas ele olha pra mim e começa a rir. Não sei se ele se lembra da família que morreu tragicamente, ou do canibal que naufragou com um avião. O fato é que é sempre constrangedor ter que explicar que não temos motivo nenhum.
A primeira lembrança que eu tenho dele é do meu noivo achando ele bonito (wtf?). Ele é feio, chato, usa Barba e fuma. Eu nunca vou nem chegar perto. Éca. Depois tem um vazio até... Até quando? Eu não sei. Não me lembro de algo ter mudado. Não mudou. Tudo continua exatamente igual, ele sendo um babaca, bêbado, barba e bigode, bituca, baixo e Bruno Branco.

Gelo


Eu também sei brincar.

Preciso mesmo de você.


Podemos nos causar frisson falando de coisa séria ou então de pokemon. O que importa é que contigo e só contigo o que é ruim se torna bom.

21º


Ando tão sem criatividade. Eu pensei em escrever sobre o frio, então intitulei o post antes mesmo de abrir o blog: Frio. Mas quando abri, vi que o último post tinha exatamente esse nome. Eu pensei sobre o que escrever e ironicamente, segundo o meu celular, está fazendo 21º nesse momento, o que é bastante quente pra Curitiba à 01:02h.
Como eu ia começar mesmo? Bem, não lembro. Esses dias li uma matéria sobre os sintomas de uma pessoa introvertida. Eram 23 e eu os sou. Eu ignoro a hipótese, mas um dos sintomas era gostar de escrever. Eu não gosto nem desgosto, apenas escrevo. Na maioria das vezes para poder dormir. Hoje eu estou sentindo frio, aquele frio no útero. Aquele que é capaz de fazer as mulheres gostarem de vampiros que brilham. E por falar nisso me veio à mente a bebida que pisca (entenda, uma pessoa introspectiva faz isso?). E bebida me fez lembrar que no próximo dia 22 eu ganharei abraço. Possivelmente (e não provavelmente) ganharei um beijo. E voltarei a sentir calor. Voltarei para casa.
O frio me leva por lugares distantes e assim eu permaneço, congelada. Não. Nem tanto. Permaneço quente, mas sem me mover, porque o frio vem de fora. Odeio o frio. Foi por isso que comecei a escrever (o blog). Preciso de abraço, de calor e de olhar. Eu evitei falar sobre o olhar, mas posso fingir ter bebido para não precisar me desculpar depois. Eu quero mesmo.
Hoje eu tive um sonho abstrato e acordei com um frio quente, sem querer levantar e querendo sonhar com coisas mais reais. Os olhos fechados são como um caminho sem volta. Não pude evitar.

Gostaria de ser mais intensa agora, este momento quase parece de humor, como se eu visse alguém rindo e ficasse magoada por isso. Talvez por isso eu esteja brava. Não tem graça. Queria poder explicar, mas ando tão sem criatividade.

Frio


Tudo é subjetivo até alguém estar no mesmo contexto.
Mas palavras são só palavras.